CPI ouve engenheiro que avaliou minas da Braskem em AL — Rádio Senado
CPI da Braskem

CPI ouve engenheiro que avaliou minas da Braskem em AL

A CPI da Braskem ouviu o engenheiro Vitor José Campos Bourbon, ex-funcionário da empresa Flodim, contratada pela Braskem para a realização de exames de sonar nas minas de sal-gema de Maceió. Documentos recebidos pela CPI apontam que os exames não foram realizados conforme previsto no plano de lavra e recomendações técnicas e que os dados utilizados no estudo foram fornecidos pela própria Braskem. Vitor disse que era trainee e que assinou o estudo porque a engenheira responsável era francesa.

24/04/2024, 15h36 - ATUALIZADO EM 24/04/2024, 15h36
Duração de áudio: 03:07
Pedro França/Agência Senado

Transcrição
OS SENADORES DA CPI DA BRASKEM OUVIRAM O REPRESENTANTE DA EMPRESA FLODIM. VITOR JOSE CAMPOS REALIZOU ESTUDOS NAS MINAS DE SAL-GEMA EM 2013. REPÓRTER CESAR MENDES. A empresa Flodim do Brasil foi contratada pela Braskem para a realização de exames de sonar nas minas de sal-gema de Maceió em 2013, mas documentos recebidos pela CPI apontam que os estudos não foram realizados conforme previsto no plano de lavra e recomendações técnicas. De acordo com essas informações, após vários pedidos de prorrogação de prazo para o cumprimento da exigência, em 2013 a Braskem finalmente apresentou um laudo elaborado pela Flodim do Brasil, mas o estudo não abrangeu toda a área de mineração. Apenas 4 cavidades, selecionadas pela própria Braskem, foram contempladas e o laudo não avaliou os efeitos da interação do conjunto de cavidades entre si, afirmando não existirem danos provocados pela lavra nas cavidades examinadas. Sob a suspeita de uma possível omissão de informações, os senadores ouviram o depoimento do engenheiro Vitor José Campos Bourbon, que explicou a sua particicipação nos estudos realizados pela Flodim. '' Eu estive apenas nove meses na Flodin, como engenheiro trainee, aprendendo sobre esse processo de sondagem, como engenheiro responsável pela RT. A gente tinha uma engenheira-chefe lá que não podia assinar essa RT, porque ela era uma engenheira de fora, e eu estava responsável pelas operações e pelo cuidado de sonda.'' O relator da comissão, Rogério Carvalho, do PT de Sergipe, pediu explicações sobre os documentos usados pela Flodim no estudo que, segundo ele, foram fornecidos pela própria Braskem. '' Foi usada sua RT e foi utilizado a empresa como um mero instrumento de validação. O senhor sabe que uma base de dados muda o resultado de uma pesquisa, portanto, se a empresa fornece os dados que ela quer, ela vai obter o relatório que ela deseja.'' Segundo Rogério Carvalho, dados de monitoramento por sonar enviados aos órgãos ambientais de Alagoas apontam que a Braskem explorava alguns poços até o limite superior da camada de sal. O relator perguntou se o depoente sabia que a manutenção de um teto na camada de sal é uma condição de segurança para a estabilidade geotécnica da mina. Vitor Bourbon disse que esse conhecimento não fazia parte do escopo do seu trabalho na Flodim. Sobre as falhas na periodicidade dos estudos, também apontadas por documentos recebidos pela CPI, o engenheiro respondeu que não estava mais na empresa nos anos subsequentes. Para Omar Aziz, do PSD do Amazonas, presidente da CPI, será necessário que outro representante da Flodim venha trazer esses esclarecimentos. '' Objetivamente, você assinou alguma nota técnica referente ao comportamento da mina? ... Não assinou? Então eu acho que a gente chamou a pessoa errada.'' Omar Azis disse que a CPI vai solicitar que todas as empresas que prestaram serviços à Braskem sejam impedidas de trabalhar no Brasil e que pretende também levar ao conhecimento do governo francês, país de origem da empresa Flodim, as informações levantadas pela CPI. Da Rádio Senado, Cesar Mendes.

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