Pesquisa, ciência, tecnologia e inovação começam na educação
Participantes do seminário organizado pelo Senado destacaram a ligação crucial entre ciência e educação

A Olimpíada do Conhecimento, promovida pela CNI, incentiva o elo
essencial entre trabalho e inovação (Foto: Joséa Paulo Lacerda)
Começar pela escola
Além das propostas de novas leis e críticas às atuais, os participantes do seminário Caminhos para a Inovação sugeriram que o país necessita de um sistema de educação eficiente, que desperte nos alunos o gosto pela ciência. Essa condição é considerada fundamental para que mais pessoas escolham a carreira de cientista e possam levar adiante mais pesquisas que levem a novas tecnologias e inovações.
“Admiramos o que aconteceu de bom nessas últimas décadas. Mas temos que ser mais ambiciosos. Precisamos massificar a prática da ciência e convencer a iniciativa privada de que vai ganhar mais dinheiro se investir em pesquisa básica e em pesquisa aplicada. Enquanto essa massificação não for realizada, não adianta a gente discutir inovação, porque não vamos ter gente para fazer inovação. Sem isso, vamos pegar receitas que vêm de fora e tentar aplicar esses modelos numa cultura totalmente diferente”, analisou o neurocientista Miguel Nicolelis.
Radical e rápido
Outro consenso é que a definição de estratégia para reverter o quadro atual de educação, ciência e tecnologia, com inovação na indústria, é urgente para que o país possa embarcar na economia do conhecimento e competir no mercado internacional em pé de igualdade com outros países, gerando empregos e riqueza no próprio país.
Já se sabe, por exemplo, que a inovação tecnológica gera postos de trabalho mais bem remunerados e mais estáveis. Segundo a Estratégia Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação, os salários são 80,5% maiores que a média nas indústrias que inovam. Os postos de trabalho gerados nessas empresas exigem 20,9% a mais de escolaridade e a permanência média do trabalhador é 30,4% maior que média.
“Não dá para esperar 60 anos com pequenas medidas para desenvolver ciência e tecnologia. É preciso algo mais radical, mais rápido. Não em resultados imediatos, mas que comecem a preparar agora a ciência do futuro, que é a educação de base. Os cientistas têm um discurso ambicioso e os políticos e administradores têm o discurso do que foi feito e não da ambição do que falta fazer, como se fosse absolutamente impossível. E não é”, apelou o senador Cristovam Buarque (PDT-DF).
Frases:
“Ainda é difícil convencer as pessoas de que a inovação começa na educação de base. Ciência e tecnologia começam com a criança que o cientista foi no passado”
— Cristovam Buarque
“A inovação não se faz sem ciência e ciência não se faz sem educação”
— Luiz Antônio Elias
“Tudo em ciência e tecnologia começa com a educação dos jovens. É preciso uma estratégia de encantamento em inovação”
— Marcelo Gleiser
“Todo mundo quer falar de inovação, mas poucas pessoas entendem que inovação começa com gente, e gente para fazer inovação tem que ser educada. O grande gargalo da ciência brasileira é a educação brasileira”
— Miguel Nicolelis