'Toda prótese mamária vai se romper um dia', diz cirurgião plástico em debate no Senado

Da Redação | 14/02/2012, 16h52

Segundo o presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBCP), José Horácio Aboudib, toda prótese mamária "vai se romper um dia e, quando isso ocorrer, deve ser trocada". Ele disse que há casos em que os implantes duram entre cinco e seis anos e outros em que o prazo é de 20 a 30 anos.

Aboudib participou, nesta terça-feira (14), de audiência pública realizada pelo Senado para discutir problemas de rompimento em próteses de silicones de fabricação francesa e holandesa.

- Sempre que uma paciente vai colocar uma prótese, avisamos que sua duração é de mais ou menos dez anos - afirmou.

Mas o diretor-presidente da Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), Dirceu Barbano, que também participou da audiência, questionou se todas as brasileiras que receberam esse tipo de implante - que ele estima em 1 milhão de mulheres - foram corretamente alertadas sobre o rompimento e a necessidade de um novo procedimento cirúrgico no futuro.

- Aparentemente essa não é uma informação que foi passada de maneira consistente e adequada para todas elas - declarou Barbano.

Ao comentar o risco de rupturas, José Horácio Aboudib frisou que não se sabe exatamente o que a provoca, ressaltando que há tanto um desgaste químico como um desgaste físico. Ele avalia que, possivelmente, uma pessoa que se movimente mais, como uma jogadora de vôlei, pode ter traumatismos contínuos que resultem em uma ruptura, "mas não há estudos sobre isso".

PIP

Um dos assuntos mais citados durante a audiência foi a denúncia de que a empresa francesa Poly Implant Prothese (PIP) adulterou a matéria-prima utilizada em suas próteses - vendidas em vários países, inclusive o Brasil. De acordo com Aboudib, há indícios de que a empresa não fraudou toda a sua produção, pois, ao se retirar tais implantes, verificou-se a existência de unidades de boa e de má qualidade.

O presidente da Sociedade Brasileira de Cirurgia Plástica (SBPC) também destacou que estudos apontaram que as próteses da PIP não ofereceriam risco de câncer ou de citotoxicidade. Inicialmente, mulheres francesas com câncer atribuíram a doença aos implantes.

Aboudib acrescentou que, segundo tais estudos, ocorreria somente uma maior reação inflamatória após a ruptura do implante.

O médico criticou a postura do governo francês, que no fim do ano passado recomendou a retirada imediata das próteses. Aboudib disse que a medida não tem respaldo científico e, devido a seu caráter imediato, traz várias dificuldades logísticas.

- Não concordamos com isso - reiterou, acrescentando que "o pânico é muito mais grave para a saúde das pacientes que as próteses".

Notificações

Por outro lado, o diretor-presidente da Anvisa destacou que é raro os médicos brasileiros notificarem a agência sobre problemas com implantes mamários. Em 2011, por exemplo, não houve nenhuma.

- Só tivemos notificações feitas por profissionais de saúde após a divulgação [dos casos da PIP]. Mesmo assim, entre 23 de dezembro e 9 de fevereiro foram apenas oito notificações feitas por esses profissionais, e todas relacionadas à PIP - frisou Dirceu Barbano.

Essa audiência foi promovida por duas comissões do Senado: a Comissão de Assuntos Sociais (CAS) e a Comissão de Direitos Humanos e Legislação Participativa (CDH).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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