Técnicos do Ipea confirmam previsão pessimista sobre aeroportos

Da Redação | 26/04/2011, 18h04

Dos 20 maiores aeroportos brasileiros, 14 funcionaram acima do limite em 2010, e mesmo se as obras planejadas pela Infraero visando a Copa do Mundo de 2014 e a Olimpíada de 2016 forem concluídas, não atenderão o aumento previsto no volume de passageiros em 13 aeroportos, que continuarão defasados. Entre os anos de 2003 e 2010, esse movimento saltou de 71 milhões de passageiros por ano para 154 milhões, um crescimento de 117% em oito anos.

Esse é o resultado de um estudo apresentado nesta terça-feira (26) em audiência pública da Comissão de Serviços de Infraestrutura (CI). A Nota Técnica, intitulada "Aeroportos no Brasil: investimentos recentes, perspectivas e preocupações", foi elaborada pelos técnicos do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (Ipea) Carlos Álvares da Silva Campos Neto e Frederico Hartmann de Souza.

Campos Neto disse que não é preciso esperar 2014 para que os problemas dos aeroportos apareçam. As deficiências já seriam perceptíveis hoje. Ele observou que, após a queda do avião da GOL, não houve um esforço significativo para saná-las. O técnico do Ipea assinalou que, de acordo com dados da própria Infraero, os investimentos programados são insuficientes e devem ter o mesmo percentual de aplicação dos anos anteriores.

- O plano de investimentos da Infraero não vislumbra uma projeção adequada para o aumento da demanda - afirmou.

O presidente do Sindicato Nacional das Empresas Aeroviárias (SNEA), José Márcio Monsão Mollo, apresentou um estudo feito pela entidade que chegou à mesma conclusão da Nota Técnica do Ipea. Segundo ele, a situação dos aeroportos brasileiros é "quase insolúvel" para Copa do Mundo e Olimpíadas. Mollo salientou que houve aumento no volume de passageiros, dobrando a cada sete anos, e no número de aeronaves, enquanto os aeroportos continuaram do mesmo tamanho. Ele também não acredita que as obras planejadas sejam concluídas a tempo de atender a demanda da Copa do Mundo.

O coordenador da Unidade Gestora da Copa do Governo do Estado do Amazonas (UGP Copa), Miguel Capobiango Neto, disse que o projeto básico da reforma do aeroporto de Manaus já foi apresentado e com um incremento orçamentário de R$ 100 milhões, totalizando R$ 496 milhões. Estão previstos oito novos fingers, mas não está prevista a ampliação da pista nem do pátio de aeronaves. Para ele, o aumento da demanda de passageiros exige uma revisão do plano aeroviário da Infraero.

A senadora Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) disse ter estranhado as informações divulgadas pela Infraero no ano passado sobre as obras no aeroporto de Manaus, uma vez que não se confirmaram. Ela observou que o projeto básico entregue é apenas uma parte e que já viu outros iguais, com projeções e números diferentes.

- Assim fica muito difícil. Que algo está errado no setor aeroviário, eu não tenho dúvida. O que me assusta são os dados técnicos sobre os prazos dessas obras. Não podemos atrasar nem meia hora. Eu seria uma péssima aliada se fechasse os olhos e dissesse que está tudo bem - afirmou.

A presidente da CI, senadora Lúcia Vânia (PSDB-GO), disse que a previsão é de um colapso nos aeroportos a curto prazo, pois no momento o caos impera no setor aéreo brasileiro.

O senador Mário Couto (PSDB-PA) lembrou que o relatório final da CPI do Caos Aéreo, elabora pelo senador Demóstenes Torres (DEM-GO), "foi rasgado e jogado no lixo pela maioria governista". Ele disse que, mesmo sabendo da situação dos aeroportos, o governo Lula não tomou qualquer providência. O senador também solicitou que o ministro da Defesa, Nelson Jobim, seja convocado para ser cobrado pelas promessas feitas há quatro anos e não cumpridas.

- Quatro meses é pouco tempo de governo para opinar. Mas, acho que a presidente Dilma [Rousseff] é muito devagar. Se não fosse a Copa do Mundo, sequer se falaria em reforma de aeroportos - lamentou.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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