Senado distingue seis brasileiros com a comenda Dom Helder Câmara

Da Redação | 13/12/2011, 14h13

Seis brasileiros foram distinguidos pelo Senado com a comenda Dom Helder Câmara, em reconhecimento pela contribuição que deram à luta em prol dos direitos humanos no Brasil. Instituída no ano passado, por iniciativa do ex-senador José Nery, a condecoração foi entregue em solenidade realizada ao meio dia desta terça-feira (13) no Plenário da Casa.

Os agraciados foram escolhidos em meio a 35 indicações enviadas de todo o país. São eles: cardeal Dom Eugênio de Araújo Sales, arcebispo emérito do Rio de Janeiro; Jair Krischke, fundador do Movimento de Justiça e Direitos Humanos (MJDH); Dom Marcelo Pinto Carvalheira, arcebispo emérito da Paraíba; Dom Tomás Balduíno, bispo emérito de Goiás; o ministro Carlos Ayres Britto, do Supremo Tribunal Federal; e Paulo César Fonteles de Lima (in memoriam).

Estiverem presentes à solenidade apenas o bispo Dom Tomás Balduíno, que recebeu a comenda das mãos do senador Cristovam Buarque (PDT-DF) e da deputada Luiza Erundina (PSB-SP); e Jair Krischke, que a recebeu dos três senadores gaúchos: Ana Amélia (PP), Pedro Simon (PMDB) e Paulo Paim (PT). Ayres Brito mandou uma mensagem pedindo para receber a comenda noutra data.

O monsenhor Sergio Costa Couto representou Dom Eugenio Salles e recebeu a medalha das mãos da senadora Ana Rita (PT-ES). Maria Cristina Carvalheira do Nascimento representou o irmão Dom Marcelo Pinto Carvalheira e recebeu a comenda das mãos do senador Cícero Lucena (PSDB-PB). Paulo Fonteles de Lima Filho representou o pai, homenageado postumamente e recebeu a medalha das mãos da senadora Ana Rita.

Presidente do Conselho da Comenda de Direitos Humanos, Ana Rita fez um discurso dizendo-se emocionada por celebrar a memória de Dom Helder Câmara mediante a concessão dessa honraria a indivíduos que, como ele, dedicaram sua vida a defender uma sociedade mais humanista.

- Cada um a seu modo, com as peculiaridades que caracterizam a vida de cada pessoa, todos fizeram por merecer a homenagem que ora lhes prestamos. Todos eles construíram uma história da qual podem se orgulhar. São indivíduos que souberam, como poucos, vivenciar a excelsa experiência da contínua doação, da entrega desinteressada ao próximo, como autênticos instrumentos da justiça e mensageiros da paz - disse a senadora.

O senador Pedro Simon (PMDB-RS) fez um pronunciamento louvando especialmente o gaúcho Jair Krischke, que dedicou sua vida à proteção de cidadãos perseguidos por regimes ditatoriais na América do Sul. Simon elogiou a simplicidade desse brasileiro que, em sua opinião, foi o maior exemplo de pureza, grandeza, humildade e singeleza na luta e na resistência.

Cristovam Buarque (PDT-DF) disse que os homenageados com essa comenda dão não só o exemplo, mas oferecem luzes ao país. Ele disse estar em Plenário não como um senador, mas como um jovem que se beneficiou dessas luzes e, assim, encontrou ideais a seguir na vida.

A senadora Marinor Brito (PSOL-PA) se disse honrada por poder partilhar, com esses agraciados, um momento que é simbólico na revelação de que "o Senado não está aqui apenas para valorizar os interesses das elites, mas para atuar em favor dos que lutam contra violações dos direitos humanos".

Também emocionada, a senadora Ana Amélia (PP-RS) disse que a razão da construção de uma democracia é garantir a todos os cidadãos os direitos humanos. Ela observou ainda que a luta por esses direitos sofre constantes ameaças e necessita de constante vigilância.

Na presidência dos trabalhos, o senador Cícero Lucena (PSDB-PB) lembrou que, quando assumiu a prefeitura de João Pessoa, em 1997, foi à casa de Dom Marcelo Carvalheira, ali ouvindo um testemunho que demonstrava sua grandeza humanitária.

- Ele me levou para um terraço no fundo da casa dele e me disse: "Veja como é a vida. Enquanto meu olho esquerdo sorri, com a alegria do criador, ao ver o pôr do sol do rio Paraíba, meu olho direito chora porque avista um lixão onde cerca de 300 pessoas sobrevivem de forma desumana". Esse é o humanista dom Marcelo - comentou Cícero Lucena.

Em agradecimento pela comenda, falaram Jair Krischke, Dom Tomás Balduíno, Paulo Fonteles de Lima Filho e o monsenhor Sérgio Costa Couto.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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