Mentir sob tortura não é fácil, diz Dilma Rousseff

Da Redação | 07/05/2008, 14h20

A ministra chefe da Casa Civil, Dilma Rousseff, declarou nesta quarta-feira (7) que "mentir sob tortura não é fácil, porque agüentar a tortura não é fácil". Ela fez essa afirmação após o senador José Agripino (DEM-RN) lembrar que a ministra disse em uma entrevista que "mentia adoidado" nos interrogatórios realizados durante a ditadura militar.

- Isso faz parte de minha biografia e tenho orgulho disso - ressaltou ela, acrescentando que mentir foi necessário para salvar a vida de amigos.

Dilma recordou que foi torturada quando tinha 19 anos, "no auge da ditadura", e destacou que "a tentação de falar a verdade quando se está sob tortura é insuportável". Ela argumentou ainda que não se pode comparar o mesmo ato em situações tão diferentes como a da ditadura e a de uma sociedade democrática.

Agripino afirmou, ao recordar a entrevista da ministra, que "aqueles foram momentos muito tensos de sua vida [de Dilma]" e que, apesar de ser governador naquela época, ele próprio acabou rompendo com seu então partido, o PDS, para apoiar a transição para a democracia. No entanto, o senador frisou que citou o caso porque "podemos estar voltando ao Estado de exceção, com um Estado policialesco" capaz de produzir, por exemplo, o suposto dossiê sobre os gastos de Fernando Henrique Cardoso quando este era presidente da República.

- Esse dossiê é a volta ao regime de exceção. Representa o uso, pelo Estado, de informação privilegiada para pressionar alguém - declarou ele.

Ao responder a Agripino, Dilma argumentou que qualquer comparação entre a ditadura e a democracia "só pode partir de quem não dá valor à nossa democracia, pois o diálogo nessas situações não tem a menor similaridade".

- Não se dialoga com pau-de-arara ou choques elétricos - afirmou a ministra.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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