Brasília: centro das decisões nacionais

 

Há 50 anos, era erguida no Planalto Central do Brasil a nova capital do país. Imaginada desde o século XVIII, Brasília surgiu como a demonstração da capacidade dos brasileiros que a construíram em apenas três anos.

Coube a Juscelino Kubitschek comandar o grande esforço de construção de Brasília, assumindo como sua missão a transferência da capital do litoral para o interior. Ao seu lado estiveram idealizadores e realizadores como Oscar Niemeyer, Lúcio Costa, Burle Marx, Israel Pinheiro, Bernardo Sayão e Ernesto Silva. Envolvidos no mesmo esforço, estiveram milhares de trabalhadores – homens e mulheres de todo o país que se deslocaram para o centro do Brasil em busca de oportunidades e de sonhos. Pioneiros da nova cidade, muitos deles lançaram raízes em Brasília e fizeram dela um fervilhante cadinho de culturas, sotaques e cores.

Mesmo depois do árduo período da construção, o fluxo migratório continuou intenso nos 50 anos seguintes. Nordestinos, mineiros, goianos, sulistas, cariocas, paulistas e amazônidas continuaram se dirigindo ao Distrito Federal, fazendo surgir as várias cidades satélites e propiciando um crescimento populacional de 1.760% - quase dez vezes mais do que o crescimento global da população brasileira no mesmo período.

Brasília também é uma cidade de contrastes: a rica cidade que tem o mais alto Índice de Desenvolvimento Humano do Brasil (0,844) e a mais alta renda per capita (R$ 40.696) é também a pobre cidade que tem um índice de pobreza de quase 40%. Até nisso, uma síntese do país.

Nessas cinco décadas, Brasília transformou-se de fato no centro das decisões nacionais, no polo que atrai as atenções, as pressões, os anseios e a vigilância da sociedade. Frequentemente, cidadãos de toda parte tomam os gramados da Esplanada dos Ministérios e os espelhos d’água do Congresso fazendo cobranças e protestos – concretizando o espírito democrático que inspirou a criação da nova capital.

Brasília foi o cenário de muitos momentos históricos. Viu as renúncias de dois presidentes; viu um golpe militar; centralizou as esperanças da redemocratização, quando a emenda das eleições diretas foi votada e derrotada, quando Tancredo foi eleito e, pela fatalidade de uma doença, não pôde tomar posse; viu, ainda assim, um civil assumindo a Presidência e encerrando o longo regime militar; viu as intensas discussões em torno de uma nova Constituição e a promulgação de uma Carta Magna que representava as esperanças de um país mais democrático e desenvolvido; viu então, a partir daí, a sucessão tranquila de presidentes que ocorre somente nas democracias maduras.

Brasília é tudo isso: centro político, caldeirão de diversidade, síntese do país, cidade monumento. Apesar das dificuldades e das eventuais decepções, Brasília prossegue encantando o mundo, cumprindo os destinos que seus idealizadores e pioneiros vislumbraram.

 

Moisés Nazário/Agência Senado



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