Demóstenes: governo distorce a educação com ideologia

Da Redação | 21/06/2011, 19h04


Citando trechos de livros das coleções distribuídas para as escolas públicas de todo o país, o senador Demóstenes Torres (DEM-GO) disse nesta terça-feira (21) que "o governo federal está fazendo educação ideologizada e criminosa". Ele afirmou que, além de ensinar matemática errada e agredir o idioma, o Ministério da Educação tenta fazer de cada aluno "um militante de ONG, sindicato ou partido ligado ao Palácio do Planalto".

- Folhear o livro [Viver, Aprender] é um passeio pelos diversos ensaios da idiotia. Lê-lo é ter contato com um texto confuso, às vezes patético. Estudar por ele é tomar aula primária de militância esquerdista com argumentos pré-revolução russa de 1917. Duvida do descobrimento do Brasil, repete a catilinária da guerra racial e sai semeando aleivosias - assinalou.

Segundo Demóstenes, o livro Vivências e Diversidades informa que há apenas dois grupos de jovens no Brasil, o dos negros e pardos, com 51% da população, e o de brancos, com 49%. Na estatística do ministério, disse o senador, não existem no país os amarelos, cafuzos, mamelucos, polacos, mulatos, mestiços e índios. O senador também disse que o "marketing chapa-branca" fez com que os livros incorporassem propaganda explícita do governo, com reprodução integral de peças publicitárias.

- Na lavagem cerebral do governo, a desigualdade social chegou com os portugueses e só começou a melhorar mais de cinco séculos depois, em 2003, quando o salvador de Cesare Battisti tomou posse.

Ele chamou a atenção para uma frase sobre as capitanias hereditárias encontrada em um dos livros autorizados pelo MEC: "Esse foi o início da formação de grandes propriedades de terra no Brasil, em geral concentradas nas mãos de poucos".

- Pela lógica da companheirada - analisa Demostenes - os chacareiros de agora são todos herdeiros de Francisco Giraldes, Jorge Dalbuquerque e Vasco Coutinho, com alguns primos de Mem de Sá e Tomé de Souza - disse o senador.

Demóstenes também citou trecho dos livros que apresentam os barracos de lona do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) como "habitações provisórias enquanto lutam pela posse definitiva da terra" e uma foto que mostra uma invasão de terra em que, conforme afirmou, "a ilegalidade é rebatizada de ocupação". Ele ressaltou que o livro "nada diz a respeito do líder quadrilheiro José Rainha, agora preso por roubar dos pequenos agricultores para se divertir com carrões, viagens e festas".

- Esse amontoado de loas ao MST é estudado nas escolas urbanas e rurais, de Roraima ao Rio Grande do Sul, da Paraíba ao Acre. Fico imaginando qual seria a reação de um pai ou mãe de um aluno ao ler isso. Em nome de quê? Qual é o objetivo final de tudo isso? - questionou.

O senador Waldemir Moka (PMDB-MS) disse, em aparte, que os livros foram retirados do catálogo do ministério. Demóstenes esclareceu que, até o momento, somente os livros de gramática e matemática foram retirados.

O senador Pedro Taques (PDT-MT) elogiou o discurso de Demóstenes. Na opinião dele, o livro mencionado pelo senador goiano mostra que o Brasil precisa caminhar muito para que tenha estudantes liderando as olimpíadas internacionais nos mais variados temas.

A senadora Marinor Brito (PSOL-PA) disse que existem limitações e fragilidades históricas no Brasil e que, em determinados períodos, o ensino foi melhor porque recebeu investimento e que o debate sobre esse tema deve ser feito desapaixonadamente ou sob apenas um ponto de vista.

- A nossa escola hoje virou símbolo da violência, com alunos agredindo professores - afirmou.

O senador Randolfe Rodrigues (PSOL-AP) disse que não há versão da História que não seja ideologizada.

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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