Congresso homenageia Itamar Franco; museu do Senado poderá ter nome do ex-presidente

Da Redação | 10/08/2011, 17h10

O senador e ex-presidente da República Itamar Franco, que faleceu aos 80 anos em 2 de julho passado, foi homenageado nesta quarta-feira (10) em sessão solene no Congresso Nacional. Durante os pronunciamentos feitos por senadores e deputados federais, o presidente do Senado - e do Congresso -, José Sarney, anunciou que apresentará um projeto de resolução para que o museu do Senado passe a se chamar Museu Histórico Senador Itamar Franco.

O primeiro parlamentar a discursar foi o senador Aécio Neves (PSDB), também representante de Minas Gerais, estado no qual Itamar foi prefeito (de Juiz de Fora) e governador. Ao resumir a trajetória política do homenageado, Aécio recordou a atuação de Itamar durante a ditadura, como um dos senadores de oposição eleitos em 1974, quando se impôs uma derrota histórica ao governo nas eleições legislativas daquele ano, e como defensor da redemocratização do país - Itamar participou, em 1984, da campanha conhecida como "Diretas Já".

O senador Fernando Collor (PTB-AL), ao lembrar de sua renúncia à Presidência da República, em seguida ao processo de impeachment a que foi submetido em 1992, destacou o desempenho político de Itamar, que o sucedeu como presidente. Collor afirmou que os principais legados do homenageado são a sua atuação na oposição à ditadura e sua "acuidade política", como presidente, durante a implementação do Plano Real, em 1994.

Mágoa

Aécio, que também ressaltou a importância de Itamar para a estabilização monetária, disse que "é preciso reconhecer a legitimidade da mágoa que Itamar carregou consigo durante muito tempo, fruto das incompreensões e da falta de reconhecimento à sua real contribuição ao país".

 Os mineiros lhe prestaram, sem saber que seria a última, uma belíssima homenagem ao conduzi-lo de volta ao Senado [nas últimas eleições] e retirá-lo do ostracismo - declarou Aécio.

Além de sua participação no combate à inflação, os parlamentares também apontaram sua importância - como presidente - no processo de redemocratização do país. Segundo a senadora Lídice da Mata (PSB-BA), que o conheceu quando era prefeita de Salvador, Itamar foi capaz de, "naquele momento de instabilidade, assumir a Presidência, dar estabilidade à moeda nacional e consolidar a democracia". E, para o senador Francisco Dornelles (PP-RJ), "Itamar foi capaz de, em pouco mais de dois anos de governo, conduzir o país sem maiores sobressaltos, quando tudo apontava para uma crise política de extrema gravidade". Essa mesma opinião foi apresentada pelo senador Jarbas Vasconcelos (PMDB-PE).

 Itamar assumiu o Palácio do Planalto num contexto de crise política e econômica e entregou o país estabilizado ao seu sucessor - avaliou Jarbas.

Líder do governo no Senado durante a gestão de Itamar, o senador Pedro Simon (PMDB-RS) frisou que o homenageado teve "uma vida franciscana e austera". Também avaliou que, "por seu jeito rude e sua maneira quase áspera de fazer política, ele nunca teve um atendimento especial da imprensa".

Ao comentar os escândalos de corrupção nos governos de Fernando Henrique Cardoso e Luiz Inácio Lula da Silva, Simon disse que Itamar tinha coragem para afastar eventuais acusados ou envolvidos, comparando-o à presidente Dilma Rousseff, que recentemente afastou o então ministro da Casa Civil, Antonio Palocci.

 Apesar dos equívocos, Dilma está fazendo o que Itamar fez e o que Fernando Henrique e Lula não fizeram - declarou Simon.

Entre os senadores que homenagearam Itamar estavam Ana Amélia Lemos (PP-RS), Cristovam Buarque (PDT-DF), Cyro Miranda (PSDB-GO), Geovani Borges (PMDB-AP), Inácio Arruda (PCdoB-CE), Luiz Henrique da Silveira (PMDB-SC), Mário Couto (PSDB-PA), Paulo Bauer (PSDB-SC), Pedro Taques (PDT-MT), Vanessa Grazziotin (PCdoB-AM) e Zezé Perrella (PDT-MG).

Também participaram da sessão familiares de Itamar, entre eles suas filhas Georgiana Franco Forrester e Fabiana Franco; além do governador de Minas Gerais, Antonio Anastasia (PSDB); o ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, que trabalhou na assessoria diplomática de Itamar quando este era presidente; Henrique Hargreaves, que foi ministro da Casa Civil de Itamar; o deputado federal Roberto Freire (PPS-SP), que foi líder do governo na Câmara durante o governo de Itamar; e o deputado federal e ex-senador Eduardo Azeredo (PSDB-MG).

A homenagem desta quarta-feira foi solicitada pelos senadores Aécio Neves e Fernando Collor e pelos deputados federais Antonio Carlos Magalhães Neto (DEM-BA) e Rodrigo de Castro (PSDB-MG).

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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