Artistas temem que mudança afugente patrocinadores

Da Redação | 20/12/2011, 15h01

Artistas temem que o Procultura afugente patrocinadores se não for mantido o abatimento fiscal de 100% do patrocínio, obrigando empresas a custear parte do patrocínio com dinheiro próprio. O projeto original da lei previa abatimentos de 40%, 60% ou 80%, mas isso já vem sendo rejeitado pelo relator do texto na Comissão de Finanças e Tributação da Câmara, deputado Pedro Eugênio (PT-PE).

Gabi Gonçalves, produtora executiva do Circo Roda, admite ter medo da fuga de patrocinadores, mas torce para que o Procultura seja aprovado logo.

- Nos seus seis anos de existência, o Circo Roda só pôde existir graças à Lei Rouanet. Mas estamos começando a ganhar sustentabilidade financeira e até nos apresentamos 20 dias no Chile, por conta própria - afirma Gabi.

Este ano, crianças e adultos de 16 cidades em vários estados assistiram ao espetáculo DNA - somos todos iguais, do Circo Roda, por meio da Lei Rouanet.

Um dos problemas que Gabi aponta na lei atual, apesar de garantir nunca ter passado por isso, é o patrocinador querer interferir no projeto ­artístico para alcançar mais visibilidade. 

Arte estrangeira 

A produtora do Circo Roda afirma que os critérios publicitários dos patrocinadores incluem investir em produções estrangeiras, em detrimento dos artistas nacionais. Ela cita o Cirque du Soleil, que em 2006 obteve R$ 9,4 bilhões pela Lei Rouanet e cobrou ingressos de até R$ 370. O secretário de Fomento do ministério responde:

- Graças à lei, o brasileiro pôde ver exposições de museus estrangeiros e o maestro indiano Zubin Mehta se apresentou na Sala São Paulo. Sobre o preço do ingresso, exigem-se contrapartidas sociais. O Rock in Rio, por exemplo, reservou ingressos para comunidades, ofereceu estágios com técnicos de fora e deu cursos de luthier.

Gisela Cardoso é uma produtora que trouxe arte estrangeira: a mostra Clint Eastwood, clássico e implacável exibe de graça 43 filmes do ator americano em São Paulo (até dia 30) e em Brasília (até 8 de janeiro). Mas ela também reclama.

- Antes do patrocínio, bancamos idealização, planejamento, contatos internacionais. 

Márcio Maturana / Jornal do Senado

Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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