Alvaro Dias aponta sinais 'evidentes' de favorecimento na atuação de Fernando Bezerra

Da Redação | 12/01/2012, 18h37

Primeiro parlamentar a questionar o ministro da Integração Nacional, Fernando Bezerra, na reunião da Comissão Representativa do Congresso nesta quinta-feira (12), o senador Alvaro Dias (PSDB-PR) disse que são "evidentes" os sinais de favorecimento na pasta. Ele também considerou que faltou resposta sobre a responsabilidade da presidente Dilma Rousseff na destinação de verbas para prevenção de catástrofes, principalmente a Pernambuco, estado do ministro.

Em resposta ao senador, Bezerra negou qualquer espécie de favorecimento na liberação de recursos, reiterando que todas as ações do ministério obedecem a critérios técnicos. O ministro negou, ainda, acusações de nepotismo na nomeação de seu irmão, Clementino Coelho, como presidente da Companhia de Desenvolvimento dos Vales do São Francisco e Paraíba (Codevasf).

Alvaro Dias também citou declaração do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, que sugeriria interferência do Palácio do Planalto na destinação ao estado de 90% dos recursos da pasta para prevenção de calamidades. Segundo o senador, a decisão deixou outros estados duramente atingidos por desastres naturais, como Rio de Janeiro, Paraná e Santa Catarina, como "órfãos da República".

Ainda mencionando denúncias divulgadas pela imprensa, o senador lembrou que o deputado federal Fernando Coelho (PSB-PE), filho do ministro, teria sido o único parlamentar atendido integralmente em suas emendas.

Fernando Bezerra respondeu que qualquer liberação de recursos depende de cumprimento de critérios legais e alegou que os empenhos a Pernambuco representariam, na verdade, 44% do total. O ministro acrescentou que 54 parlamentares tiveram 100% das emendas atendidas.

Diante da acusação de Alvaro Dias de que a Casa Civil teria determinado a interrupção da análise de determinados projetos, o ministro da Integração Nacional negou a interferência e garantiu tratar com equidade todos os estados, exigindo apenas o cumprimento de requisitos técnicos.

O ministro também minimizou a informação apresentada por Alvaro Dias de que haveria quatro ações civis públicas contra ele propostas pelo Ministério Público Federal. Ele alegou que as ações são de dezembro passado e que só agora está sendo notificado. Bezerra acrescentou que foi alvo de outras quatro ações no ano passado, mas que todas foram arquivadas.

Alvaro Dias sugeriu que o PT só permitia o comparecimento de ministros de outros partidos para prestar esclarecimentos ao Congresso. De acordo com ele, isso seria sinal de que, para o governo, existem "ministros de primeira e ministros de segunda". O senador apontou ainda um "loteamento" de cargos no governo federal e disse que o problema seguirá existindo enquanto a presidente não der fim ao modelo de "promiscuidade política".

Em entrevista coletiva, Alvaro Dias avaliou que tudo permanecia igual depois do depoimento do ministro, especialmente em relação às questões políticas. A afirmação de que não há critérios políticos na distribuição de recursos, em sua avaliação, é contestada por assessores de ministérios, segundo os quais vários projetos teriam sido ignorados por determinação do Palácio do Planalto.

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Agência Senado (Reprodução autorizada mediante citação da Agência Senado)

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