21/05/2015 - 18ª - Comissão de Agricultura e Reforma Agrária

Horário

Texto com revisão

R
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Declaro aberta a 18ª Reunião da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal, da 1ª Sessão Legislativa Ordinária da 55ª Legislatura.
Requeiro a dispensa da leitura da ata da reunião anterior, que, com a anuência do Plenário, é dada como aprovada.
Conforme foi acertado na reunião desta Comissão, no dia 07 de maio, comunico que, juntamente com o Senador Ricardo Ferraço, do PMDB, do Espírito Santo, e o Senador, do PTB, de Pernambuco, fomos recebidos pela Ministra da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, Senadora Kátia Abreu, com o objetivo de tratar de problemas enfrentados na produção do café.
O requerimento, como se sabe, foi apresentado aqui publicamente pelo Senador Ricardo Ferraço e pela Senadora Rose de Freitas, e a Comissão encaminhou à Ministra, pela sua assessoria, que nos atendeu nesta semana.
A Comissão recebeu também o Ofício nº 02, de 2015, subscrito pelo Vereador Valdemir Baú, Presidente da Câmara Municipal de Coronel Vivida, no Estado do Paraná, relatando dificuldades enfrentadas pelos produtores de leite daquele Estado e daquela região.
A reunião de hoje se destina à audiência pública, em cumprimento ao Requerimento nº 04, de 2015, aprovado no dia 12 de março, de autoria do Senador Wellington Fagundes e do Senador Blairo Maggi, e tem por finalidade conhecer e divulgar as atividades realizadas pela Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária (Embrapa) e seus impactos na agricultura e na pecuária brasileira.
Antes de convidar os nossos ilustres palestrantes de hoje, eu queria acrescentar, ainda sobre a audiência com a Ministra Kátia Abreu, já antecipando publicamente aqui os agradecimentos - o Senador Ricardo Ferraço já o fez ontem no plenário do Senado -, que, naquela reunião, a Ministra Kátia Abreu informou a suspensão da importação de café em grão do tipo arábica.
A Ministra garantiu que publicará portaria suspendendo a importação, atendendo ao pedido da Comissão de Agricultura e particularmente do Senador Ricardo Ferraço, conforme produtores do Espírito Santo, Estado do Senador que solicitou a audiência, o segundo maior produtor de café do País, o Espírito Santo.
No encontro, a Ministra também informou sobre o compromisso firmado com a China, horas antes, para habilitação de unidades de abate de bovinos, suínos e frangos para exportação ao país asiático, beneficiando especialmente a Região Sul do País, como Paraná, Santa Catarina e Rio Grande do Sul.
O acordo foi firmado durante a visita do 1º Ministro chinês. Também encaminhei, em nome do Secretário de Agricultura do Rio Grande do Sul, Ernani Polo, e do Presidente da Companhia Estadual de Silos e Armazéns do Rio Grande do Sul, Carlos Kercher, para que a Conab (Companhia Nacional de Abastecimento), alugue ou use os silos da Cesa que estão ociosos para armazenar os estoques do Governo, no caso, estoques de milho e de outros grãos.
A Ministra acolheu a solicitação encaminhada.
Assim, convido, com muito prazer, o Presidente da Embrapa, Dr. Maurício Antônio Lopes, para que esteja conosco, para fazer a sua exposição, e o Dr. João Flávio Veloso Silva, Chefe Geral da Embrapa Agrossilvipastoril.
Queria, primeiramente, agradecer a presença do nosso Presidente, Dr. Maurício, e passar a palavra ao Senador Blairo Maggi, requerente desta audiência, para esclarecer aos nossos telespectadores e também aos que nos acompanham a respeito dos interesses desta audiência pública com o Presidente da Embrapa.
Queria também informar aos ouvintes da nossa Rádio Senado e telespectadores da TV Senado que eles poderão participar deste debate, fazendo perguntas e sugestões nos seguintes contatos virtuais: pela internet, no endereço www.senado.gov.br/ecidadania; por telefone 0800-612211, ligação gratuita, que pode ser por um telefone fixo, por um telefone celular ou por um telefone público.
R
Vou repetir: 0800-612211.
Com a palavra, o Senador Blairo Maggi.
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado, Presidente Senadora Ana Amélia. Estamos de luto hoje, porque nosso time perdeu ontem de um a zero. Fazer o quê?
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Nem fale isso que aumenta a minha dor de cabeça, Senador.
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Mas tem volta. Aqui no Beira-Rio, nós pegamos ele. Foi só um a zero. Nos 47 minutos é ruim demais.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Foi o que aconteceu com o Atlético Mineiro.
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Eu quero cumprimentar V. Exª e também o Presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes; o João Flávio Veloso Silva, Chefe da Embrapa Agropastoril lá no meu Estado de Mato Grosso. Agradeço as suas presenças.
E o requerimento aqui assinado foi encabeçado pelo Senador Wellington Fagundes, mas, infelizmente, ele não está presente ainda. Aqui, Presidente, tem uma turma que é a turma que tira o leite, que chega um pouco mais cedo. E tem outra turma que vai levar o leite para vender e que chega um pouco mais tarde.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - E tem uma turma que chega mais cedo ainda, que vai buscar a vaca, como diz o Senador Blairo.
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Que vai buscar a vaca. Então, nós estamos aqui em poucos, mas eu espero que o Senador Wellington possa chegar e fazer aqui os questionamentos que ele acha pertinente.
Mas eu gostaria de, inicialmente, dizer sempre do nosso carinho e do reconhecimento da importância que a Embrapa teve até agora, até recentemente, na agricultura e na pecuária brasileira. Certamente, poderíamos estar no mesmo patamar hoje sem a presença da Embrapa, mas teríamos demorado mais e, com certeza, teria custado mais para o País. Então, a Embrapa foi muito importante, principalmente na ocupação do Centro-Oeste e no desenvolvimento de novas variedades, e não só de variedades, como de tecnologia, levando conhecimento e adquirindo conhecimento ao longo desses anos.
Já tive oportunidade de dizer isso e direi novamente neste momento na Comissão que, além do conhecimento e da importância que a Embrapa tem, com reconhecimento de todos os brasileiros, na minha avaliação, neste momento, a Embrapa passa por uma dificuldade de não ter uma priorização nas suas pesquisas.
Bom dia, Senador Moka.
Ultimamente, não tem conseguido apresentar muitos resultados ou resultados convincentes ou resultados que modifiquem, que ajudem a modificar fortemente a economia agrícola do País. E não quero crer que nós não tenhamos técnicos conhecedores, que tenham conhecimento dentro dessa empresa para fazer isso. Se fez até agora, tem capacidade de fazê-lo atualmente e no futuro também.
E quero crer que são dois fatores: um pode ser falta de foco; e o segundo certamente é a falta de recursos financeiros para fazer frente a pelo menos àquilo que eu acho que deveria ser o papel da Embrapa.
Qual o papel da Embrapa neste momento para mim? O papel da Embrapa é dar ao Brasil uma carta de alforria, é dar ao Brasil a tranquilidade e a liberdade de poder continuar a ser o grande país agrícola que ele é até hoje. E de onde virá isso ou de onde vem isso? Ele não virá mais do conhecimento na terra, dos equipamentos, das pessoas que estão envolvidas na operação do dia a dia. Isso é uma coisa que muda muito rapidamente. As pessoas estão sempre abertas às novas tecnologias e inovações e incorporam muito rapidamente, Senador Moka, no campo essa situação, tanto na pecuária como na agricultura.
Mas o que me preocupa é a dependência tecnológica que nós temos em relação a outros países. Por exemplo, a questão da transgenia, da biotecnologia e tantas coisas que existem aí. Nós estamos a reboque. A Embrapa está a reboque. As nossas instituições privadas estão a reboque. Se nós não temos o apoiamento das multinacionais nos acordos que são feitos de...
R
Não é nem praticamente de desenvolver novas tecnologias, mas é de trazer essa nova tecnologia e colocar à disposição dos produtores. Isso pode ser feito pela Embrapa ou pelas outras pesquisadoras que existem.
Então, na minha avaliação, a Embrapa deveria receber por parte do Governo - e quando falo Governo, eu falo em sociedade brasileira - uma atenção toda especial de grandes aportes de recursos, com mentalidade de poder fazer a diferença para frente e competir de igual para igual com os grandes players mundiais, a ponto de - a gente nunca espera este tipo de situação - chegar algum dia, num conflito, numa discussão comercial, num impedimento qualquer, e dizerem que não vão transferir mais tecnologias mais para o Brasil por questões políticas etc. Com toda certeza, de três a cinco anos, nós ficaremos, de um dos primeiros na fila dessa produção, de competitividade, nós voltamos lá para o final, porque a nossa dependência tecnológica é total.
Além disso, dessa tecnologia a que me refiro, nós somos dependentes também da questão dos fertilizantes. Temos uma produção local de fosfato com que dá para se virar, mas ainda importamos muita coisa. Os nitrogenados a gente também consegue fazer aqui, mas também importamos muito. Na questão do potássio, nós somos totalmente dependentes. E não é que não tenhamos também jazidas e potenciais a serem explorados. Temos, mas não temos tipo por parte do Governo a prioridade e a solicitação para que empresas estatais ou mesmo as empresas privadas que se dedicam a isso consigam fazer. Por exemplo, lá no Amazonas, nós temos a silvinita, que está na confluência do Rio Madeira com o Rio Amazonas, a 600 metros, a 1.000 metros de profundidade. Segundo os estudos, são jazidas com grandes potenciais, que, uma vez iniciada sua exploração, seria assim geograficamente, de logística, excepcional porque está em cima do Rio Amazonas. Você pode descer para resto do Brasil, para o Sul, para o Sudeste, em navios com 50, 60 mil toneladas. Quer dizer, navega como qualquer outro navio que venha da Europa para cá. Nós teríamos a possibilidade de subir com as embarcações para o Rio Madeira, atender ao noroeste do Estado do Mato Grosso, subir pela hidrovia do Tapajós, atender ao norte do Mato Grosso, o Pará e também chegando em Belém, subir por Açailândia, onde pode haver um trem no futuro, e atender a todo o Tocantins, o outro lado do Pará, o Piauí, o Maranhão. Então, quando a gente vê essas iniciativas, que estão fugindo um pouquinho da responsabilidade da Embrapa, não são dela, mas do Governo, o sacrifício que essas empresas de lá têm para enfrentar aquele velho desafio das questões ambientais. Um terror. E lá se vão anos e anos.
Então, para voltar ao assunto, nós, o Brasil, somos de fato grandes produtores mundiais. Poderíamos ser muito mais. Temos aumentado muito a produtividade. Mas essa dependência tecnológica e essa dependência dos fertilizantes me preocupa muito. Enquanto estiver tudo bem, está tudo bem. Aí tem um velho ditado, Senadora Ana Amélia, de que "em casa que falta pão, todo mundo grita e ninguém tem razão". Quer dizer, qualquer desavença diplomática, qualquer coisa que possa nos atrapalhar, o resultado nosso aqui será quase imediato.
Então, eu gostaria aqui, nesta introdução, de ouvir do Presidente da Embrapa e depois do João Flávio, uma questão mais nacional e uma questão mais estadual, como é que a Embrapa está dentro de Mato Grosso. Já temos lá alguns anos; eu ainda era Governador quando inauguramos aquilo. Aliás, eu já tinha saído quando inauguramos, mas iniciou quando eu estava lá. Gostaria de saber como avançou a Embrapa, o que tem sido feito e qual a contribuição hoje da Embrapa no novo sistema de produção agrícola, pecuária, nos manejos que estão sendo feitos e nas florestas. A velha bandeira do uso dos recursos naturais no chão diminuiu muito, a maneira, o extrativismo. E tem que produzir, produzir sustentadamente, o que significa que, amanhã, você tem que fazer a mesma coisa que já fez hoje e melhor ainda.
Então, eram essas as minhas considerações, além de dar as boas-vindas ao Presidente e também ao João Flávio, e o meu questionamento. Eu não discuto a importância da Embrapa até aqui. Eu tenho um ponto de interrogação com relação à Embrapa daqui para frente. Se essa estrutura que nós temos, essa grande história da Embrapa, nós vamos continuar a tê-la ou vamos ter que abrir mão de tudo isso e deixar só com o que os de fora façam ou se a iniciativa privada brasileira puder fazer.
R
São essas as colocações.
Muito obrigado.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Eu agradeço muito ao Senador Blairo Maggi, que foi, junto com o Senador Wellington Fagundes, requerente desta audiência.
Consulto o Senador Moka se quer fazer alguma manifestação. Enquanto o Senador Moka não se manifesta, eu queria agradecer a presença aqui também, honradamente, da Diretora Executiva de Administração e Finanças, Drª Vania Beatriz Castiglioni, da Embrapa; do Diretor Executivo de Pesquisa e Desenvolvimento, Dr. Ladislau Martin Neto; e do Diretor Executivo de Transferência de Tecnologia, tema esse citado pelo Senador Blairo Maggi, Dr. Waldyr Stumpf Júnior. A proposta do Senador, apenas para complementar o Senador Blairo Maggi, referiu à questão tecnológica da dependência que o Brasil tem como protagonista mundial na produção e no mercado globalizado da produção rural, especialmente agrícola. O principal item da pauta de exportação do Brasil é a cadeia produtiva da soja na nossa balança comercial. E o Senador, ao falar da excessiva dependência tecnológica do Brasil ao setor especialmente de tecnologias de produtos modificados geneticamente, a Ministra da Agricultura, no encontro que tivemos, Senador Blairo, estava extremamente entusiasmada com os acordos que a Embrapa, a partir de agora, intensificará na relação com a China.
A China é um país muito desenvolvido na área tecnológica. É uma país que investe anualmente muito e dispõe de um grande grupo de pesquisadores e cientistas nesse setor. E a China é também o grande comprador de soja do Brasil. Então, penso que talvez aí abra um espaço gigantesco para que essa dependência a que o Senador Blairo Maggi se refere possa ser mitigada em benefício da economia brasileira e da chinesa, que não dispõe de área para o cultivo da soja. Mas nós temos e podemos fazer uma boa cooperação.
Senador Moka, se V. Exª não quiser fazer alguma observação, eu já passo a palavra ao Presidente da Embrapa.
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Eu vou ser muito breve.
Primeiramente, cumprimento o Presidente da Embrapa, Dr. Maurício, meu amigo já, e o Dr. João Flávio Veloso Silva, pela presença aqui. Eu vou ser objetivo.
Eu ouvi uma frase aqui na Comissão de que a Embrapa vive do passado, do que ela fez, do que ela criou. Mas, de algum tempo para cá, ela estagnou. Essa não é uma opinião pessoal. Mas eu ouvi aqui na Comissão de Agricultura. E me lembro de que, na época, o Senador Figueiró, que é um apaixonado pela Embrapa...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Sim. E tem um filho lá.
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Assim como eu. Não nego isso, não.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Ele até tem uma questão familiar.
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Mas eu não tenho essa ligação tão direta como tem o Blairo como produtor mesmo. Não só produtor, mas uma grande empresário com uma visão diferenciada de todos nós aqui. O que eu tenho é um contato com produtores rurais no meu Estado. E hoje, deixando a modéstia um pouco de lado, com o conjunto do País. Às vezes eu até me surpreendo que as pessoas dos outros Estados vêm muito e a gente conversa muito.
Eu queria saber - e não é uma provocação - que a gente percebe nitidamente que o Governo, em vários segmentos é muito ambíguo. Só para dar um exemplo. Ontem, havia uma medida provisória para votar e havia 13 Senadores aqui da base aliada, mas que se colocaram até pedindo a saída do Ministro da Fazenda. Está hoje na imprensa.
E a Embrapa lá no meu Estado ficou um tempo dividida entre se faz pesquisa para o pequeno produtor ou se faz pesquisa para a agricultura de média e grande escala. Essa é uma coisa que, para mim, parece ser uma besteira.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Superada.
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Por quê? Porque a Embrapa tem que produzir pesquisa visando, na minha avaliação, com a prioridade que o mercado exige.
R
É claro que nós temos que produzir. E aí, eu sempre digo, além de produzir - é algo que estamos discutindo aqui -, quando acabaram com a extensão rural, a Embrapa continuou produzindo pesquisa, mas essa pesquisa não chega à ponta, principalmente para o pequeno.
Então, eu me lembro dessa discussão dentro da Embrapa; de servidores da Embrapa, com pós-graduação, gente conhecedora do assunto, preocupados com o rumo que se estava tomando. Eu insisto em dizer: acho que a Embrapa tem que produzir pesquisas, gerar tecnologia capaz de manter o Brasil como um grande exportador de commodities, trazer toda essa tecnologia aqui e gerar, fazer com que possamos continuar a desenvolver. Foi isso que fez... Foi a Embrapa, entre o produtor, mas a Embrapa, principalmente, teve um papel prioritário para que o Brasil se tornasse uma potência na produção de alimentos como é hoje.
Agora, como fazer isso se há um lado quer uma coisa e outro lado que quer outra? Conversando com franqueza, estabelecendo: vamos fazer pesquisa aqui, aqui e aqui e vamos fazer pesquisa para atender também o mercado internacional, o grande produtor, até porque são coisas diferentes mesmo. Nós vamos ter sempre produtores que vão produzir em grande escala - e isso é diferente, até porque eles têm uma preocupação com a exportação - e outros que vão produzir e gerar alimentos do dia a dia. Mas isso é a coisa mais importante, em termos de segurança alimentar, para um país que quer também ter independência sobre isso.
Eu queria ouvir a opinião do presidente e do chefe-geral da Embrapa Agrossilvipastoril e se isso tem realmente alguma implicação ou é besteira.
A verdade é que, por exemplo, há muito tempo, nós já discutimos aqui: não se pode contingenciar recursos para a Embrapa. Nós não podemos deixar contingenciarem-se recursos para quem faz pesquisa. Isso é algo também em que nós podemos ajudar. Está bem, o contingenciamento é importante, tal, tal e tal, mas, na hora de contingenciar, vamos priorizar. Da mesma forma, acho que não se pode contingenciar também para a defesa sanitária. É bobagem isso, porque sempre o prejuízo é maior.
Então, eu ficaria, Presidente, nessas duas colocações, mas é algo que eu gostaria de ouvir dos dois, e já antecipo. Não sei também se podem falar. E, se não puderem e quiserem mandar alguma resposta ou alguma coisa também, para mim é indiferente.
Quero finalizar dizendo o seguinte, Blairo e Donizeti: nós aqui, na Comissão de Agricultura, somos e sempre seremos parceiros da Embrapa. É unânime isso aqui. Agora, nós precisamos saber em que é que a Comissão pode ajudar. É claro que esta Comissão tem, como está sendo feito hoje, também o papel de cobrar, de fiscalizar, e, se a empresa está com algum tipo de problema, é importante que possamos encaminhar soluções. O que não podemos é ver, como disse o Senador Blairo Maggi, que até aqui é uma coisa; daqui para frente, como vai ser isso? E se a empresa vive algum tipo de problema.
Muito obrigado.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada, Senador.
Com a palavra V. Exª, Senador Blairo.
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - É para complementar. Depois que o Senador Moka começou a falar, eu me lembrei de alguma coisa que também deixei sem fazer o questionamento. Ouvi - não foi, assim, uma afirmação - que nesse "pacote chinês", vamos chamar assim, desses recursos que poderão ser investidos no Brasil, há algo de um acordo mais portentoso entre o Brasil e a própria China para desenvolvimento de biotecnologia...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Eu mencionei.
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - A senhora mencionou. Então, se depois puder fazer algum comentário sobre esse assunto, agradeço.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Foi fruto da conversa com a Ministra. Estava muito entusiasmada a Ministra da Agricultura, Senadora Kátia Abreu.
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Ah, foi V. Exª.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Falei também para o presidente, o Dr. Maurício, sobre o que pode acontecer a partir dessa cooperação com a China, que é não só grande importadora de soja, no caso da soja, que hoje é o produto de maior dependência tecnológica, pela relevância econômica que tem e lá não tem área para produzir soja, mas nós temos.
R
Ela está comprando, inclusive, na África, está produzindo, a China está com acordos na África, porque precisa atender à população.
Eu queria passar a palavra ao Presidente da Embrapa, Dr. Maurício, para sua exposição, já encaminhando dentro dessas colocações feitas, embora o senhor tenha, certamente, trazido alguma informação adicional.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Muito bem.
Meu bom-dia à Senadora Ana Amélia, que preside a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal, também cumprimento o Senador Blairo Maggi, o Senador Waldemir Moka, o Senador Donizeti Nogueira, já agradecendo aos Senadores pelas considerações iniciais, pelas questões colocadas que serão muito úteis para nos orientar na nossa apresentação aqui.
Agradeço ao Senador Blairo Maggi pelo destaque aos pontos que ele julga relevantes e importantes em relação à agenda, às prioridades, ao foco da nossa organização.
Eu vou procurar, ao longo da minha breve apresentação, Senador, endereçar as questões que o senhor nos coloca; da mesma forma, Senador Moka, vou procurar também, ao longo da apresentação, responder às questões e às preocupações que o senhor nos traz. Eu agradeço, acho que é assim que a gente avança, a partir da visão de pessoas que detêm experiência substancial, como o Senador Blairo, um grande empresário, um grande líder. Os seus comentários, as suas referências são extremamente relevantes. A gente agradece, Senador, pela crítica sempre muito construtiva que o senhor nos traz. Isso é extremamente positivo para nossa empresa.
Eu gostaria de cumprimentar também os nossos diretores: Diretor Waldyr, Diretora Vania e o Diretor Ladislau. Estamos aqui com todos os diretores executivos da empresa. Os demais colegas da Embrapa: estamos aqui com o Marcos, que é um parceiro importante da Unipasto, uma grande rede que comercializa os produtos desenvolvidos pela Embrapa. A Embrapa é líder no desenvolvimento de forrageiras, de pastagens no Brasil, o Brasil se tornou até um grande exportador de sementes de pastagens em função dessa excelente parceria que temos com a Unipasto. Saúdo o nosso parceiro aqui presente. E todos os demais presentes, não posso deixar de saudar os que nos acompanharam pela Rádio e pela TV Senado em todo o Brasil.
Obviamente, minha saudação ao colega João Flávio, que lidera tão bem a nossa unidade Embrapa Agrossilvipastoril, em Sinop, no Mato Grosso.
Bem, Senadora, o que eu gostaria de fazer é passar rapidamente por um conjunto de transparências que eu acho que, em grande medida, endereçam às questões que nos foram colocadas e apresentam algumas outras informações que nós julgamos importante e relevante trazer a esta Comissão.
Se a senhora me permite, eu vou rapidamente apresentar o que é a agenda que eu trouxe para discussão com V. Exªs hoje e fazer uma brevíssima introdução à Embrapa. Todos já conhecem a nossa organização, mas vou falar um pouquinho mais sobre os pilares da organização, como ela está ordenada.
A Embrapa é uma instituição relativamente jovem. Completamos 42 anos agora, no dia 26 de abril, mas uma instituição muito consolidada em função do grande investimento que ela fez em pessoas, estruturas e processos.
Eu gostaria de dar uma passada rapidinha, só para mostrar a V. Exªs quão estruturada e consolidada está a nossa organização, e falar um pouco também em planejamento, endereçando, em grande medida, às colocações e às preocupações do Senador Blairo, o que a Embrapa tem feito para ler e entender o seu entorno, a realidade na qual ela está inserida e definir prioridades, fazer escolhas, aquelas escolhas que tragam maior possibilidade de resultados relevantes e, mais importante do que isso, esses resultados que geram impactos para a sociedade que, afinal de contas, paga a conta.
R
E, no fim, obviamente, nós vamos poder, com base no que vou apresentar, fazer as discussões e o debate necessário.
A Embrapa é uma empresa pública, vinculada ao Ministério da Agricultura. Nós estamos ali no mesmo nível do Conab. A Embrapa e a Conab são empresas vinculadas ao nosso Ministério da Agricultura. Nós somos a maior organização de pesquisa agropecuária na América Latina, uma das maiores do mundo. Nós temos hoje 9.800 empregados, 2.480 pesquisadores, 2.500 analistas; o orçamento executado no ano que passou, 2014, foi em torno de R$ 2,7 bilhões. A empresa é, na verdade, uma grande rede distribuída; nós estamos em todo o Brasil, em praticamente todos os Estados brasileiros, com centros temáticos, com centros de produtos e com centros ecorregionais e agroflorestais.
A Embrapa também é uma das poucas instituições do Brasil que têm uma grande rede de cooperação internacional. Nós estamos em praticamente todos os continentes. A Embrapa se tornou, ao longo dos anos, praticamente uma multinacional da ciência agropecuária. Nós temos presença nos Estados Unidos da América e na Europa e, mais recentemente, também uma presença forte na Ásia, na Coreia do Sul, na China e no Japão. Uma plataforma de cooperação técnica sul-sul, com uma presença também muito forte, especialmente, na África, mas em alguns países também da América Latina.
Um pouco da nossa estrutura. Como eu disse, a Embrapa é uma empresa com um modelo muito estruturado e muito consolidado de gestão e governança. Uma das razões do sucesso da empresa ao longo desses 40 anos é o investimento que ela fez em pessoas, em recursos humanos. Nós tínhamos, no início, um foco muito grande na agronomia, na veterinária e na zootecnia ; ao longo dos anos, incorporamos um conjunto bem mais amplo de competências. Hoje, a Embrapa tem profissionais da física, da geologia, da química, da bioquímica. Obviamente, agrônomos e veterinários são maioria, mas a empresa ampliou muito o seu quadro de competências, em função mesmo dos desafios que nós temos hoje, que vão muito além dos limites da produção primária, da fazenda. Nós lidamos com dimensões outras, importantes: mudanças de clima, relação com a sociedade... Então, ampliamos muito nosso quadro de capacitação.
Um programa forte de capacitação. Renovação. A empresa renovou os seus quadros a partir de 2009. Uma coisa inusitada: a Embrapa contratou, desde 2009, mil novos pesquisadores, que trazem uma força nova para a empresa. Com ela completando 40 anos e fechando um ciclo, felizmente, conseguimos fazer um trabalho importante de renovação.
São poucas as instituições de pesquisa e inovação no Brasil que têm 2.400 pesquisadores e 2.500 analistas. Aqui, a distribuição dos empregados da Embrapa: 1.700 técnicos, 3.014 assistentes. Com esse perfil, nós temos 2.000 doutores, 1.000 mestres. Eu creio que talvez só o ARS americano e a CAAS chinesa tenham um quadro profissional tão habilitado e com esses números de profissionais. Então, estamos muito bem em termos de competência e de capacidade na empresa. São 3.000 profissionais de nível superior, sendo 2.000 doutores. Pouquíssimas instituições de pesquisa e inovação para a agricultura no mundo tem um quadro tão habilitado e tão treinado como a nossa empresa.
Nós temos feito um esforço muito grande para atualizar a nossa estrutura, a nossa infraestrutura. Como o Senador Blairo bem colocou, o mundo está mudando com uma rapidez muito grande. Os paradigmas estão mudando com muita rapidez, a ciência está avançando com uma rapidez muito grande. O grande desafio para nós é nos mantermos atualizados, como é que nós vamos os nossos centros de pesquisas e os nossos laboratórios atuais, em condições de responder aos desafios que nos apresenta o setor produtivo, o ambiente de inovação tecnológica. Esta é uma preocupação muito grande: como a Embrapa vai dinamizar a sua grande rede de pesquisa e inovação. Como eu disse, somos uma grande rede distribuída. Estamos presentes em praticamente todos os Estados brasileiros, com centros ecorregionais, centros de produtos, centros temáticos, centros de serviços importantes.
R
Estamos inaugurando agora, em Brasília, um centro de serviços que é uma unidade quarentenária, que vai garantir ao Brasil a importação de material genético vegetal com segurança, para que possamos acessar diversidade genética em diferentes partes do mundo. Somos muito dependentes disso. Estamos inaugurando agora, em Palmas, a Unidade de Pesca e Aquicultura, Aquicultura 1, com potencial fantástico para o Brasil.
E, como disse, nós nos tornamos ao longo dos anos uma multinacional da inovação tropical. Estamos com laboratórios em três continentes: América do Norte; Europa, com três países, França, Alemanha e Reino Unido; na China, no Japão e na Coreia do Sul.
É importante esse movimento da Embrapa em direção à Ásia, em função da importância da Ásia, como grande mercado, como grande produtor de conhecimento e inovação.
Foi mencionado aqui que recentemente conversamos, eu e a Ministra Kátia Abreu, com o Ministro da Agricultura chinês. Nós já temos uma cooperação com a China, já temos uma presença na Embrapa chinesa, que é a Chinese Academy of Agriculture Science. Estamos fortalecendo esse projeto com os chineses. Como todos sabem, os chineses têm feito um esforço monumental em ciência, tecnologia e inovação, incluindo a área de biologia avançada, a genômica e a transgenia. Nós já cooperamos com os chineses nessa área. E nesse diálogo entre a nossa Ministra e o Ministro chinês, ficou acertado que vamos intensificar a nossa cooperação, a troca de informações, e a possibilidade de fazermos o que se chama de inovação aberta, combinarmos ativos nossos com ativos da instituição chinesa para desenvolvermos juntos novos produtos, especialmente produtos biotecnológicos.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Dr. Maurício, certamente ela cativou e conquistou o Ministro da Agricultura chinês porque ela ofereceu curau, ofereceu canjica, ofereceu bolo de milho. Ela fez tudo o que podia. Eles saíram carregando arroz doce e todas essas iguarias bem brasileiras da produção que a Embrapa ajuda a fazer.
Apenas um detalhe porque casualmente na hora em que chegamos estava saindo o Ministro da Agricultura.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Exato. Eu estive lá e eu testemunhei. A nossa Ministra foi realmente muito hábil em mostrar as delícias do Brasil, as coisas maravilhosas que fazemos aqui. Isso animou muito o Ministro chinês que saiu exultante da reunião.
Nós não estamos iniciando uma parceria com os chineses. Nós já temos uma parceria com os chineses, nós já temos pesquisadores da Embrapa trabalhando na CAAS (Chinese Academy of Agriculture Science). Queremos intensificar essa cooperação. E ficou acertado que, a partir desse diálogo entre os Ministros, vamos intensificar essa colaboração.
Um pouco da distribuição da empresa no Brasil, eu acho que essa é grande fortaleza da Embrapa. Em vez de ser um prédio enorme aqui em Brasília, cheio de gente, aqui na capital do País, nós fomos redistribuídos. A Embrapa optou por levar ciência aos diferentes rincões do Brasil, aproximar os pesquisadores dos problemas do mundo real. Isso acho que é um aspecto muito importante da nossa organização.
E temos, e posso assegurar a V. Exªs, uma infraestrutura que é estado da arte. Poucos países no mundo, poucas instituições de pesquisa e inovação no mundo têm a infraestrutura de pesquisa e inovação para a agropecuária que a Embrapa tem. Aqui o nosso centro de soja em Londrina, uma unidade que teve um papel importantíssimo na tropicalização desse leguminosa e que cumpre um papel importantíssimo em trazer e adaptar variabilidade, para que possamos enfrentar os problemas que estão vindo aí: pragas, doenças contaminantes. Então, é uma unidade extremamente importante, com um conjunto de laboratórios inigualável. Realmente estado da arte. A Embrapa Instrumentação Agropecuária, nós quebramos paradigmas, de investir em instrumentação avançada, informação tecnológica aplicada à agricultura. Esse centro está trabalhando na fronteira da nanotecnologia. É um centro da Embrapa que está recheado de físicos. O nosso Diretor de Pesquisa e Desenvolvimento é físico, foi chefe dessa unidade. Então, é uma certa quebra de paradigma. Que instituição de pesquisa para agricultura contratou físicos para estudar nanotecnologia, instrumentação, automação avançada? É o que esse centro faz em São Carlos.
Embrapa Agroenergia trabalhando agora em tecnologia de biomassa. Nós temos que pensar que, daqui a pouco, a nossa agricultura vai fazer interface com a nova bioeconomia, com as novas bioindústrias.
Ontem, nós estivemos a sanção pela Presidente Dilma da Lei de Biodiversidade, que facilita o acesso e uso da diversidade genética no Brasil.
R
Isso vai abrir um espaço gigantesco para o Brasil criar novas oportunidades para a sua agricultura e para a sua agropecuária.
(Soa a campainha.)
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Embrapa Uva e Vinho. E nós estamos, cada vez mais, trabalhando a chamada estrutura multiuso, para evitar a disseminação de estruturas caras e complexas em todas as unidades, sediando em alguns lugares estruturas poderosas, por exemplo, para agricultura de precisão. Esse é o centro mais avançado que tem no Brasil para a agricultura de precisão, localizado em São Carlos, em São Paulo.
Um centro de bioeficiência e sustentabilidade na pecuária, um laboratório dos mais avançados no Brasil para testar qualidade de alimentos, para avaliar eficiência de alimentos, emissão de gases na pecuária, uma base, não só para a Embrapa, mas para as universidades, para o setor privado.
O laboratório de química de produtos naturais mais sofisticados na América Latina, sem dúvida alguma, com instrumentação de última geração, localizado em Fortaleza, no Ceará. E uma das unidades mais novas que nós temos na Embrapa, esse é um conceito novo de unidade, que foi criada no Mato Grosso, em Sinop, a Embrapa Agrossilvipastoril, a ideia que no futuro as unidades de pesquisas vão se tornar como que unidades hub. Uma unidade hub é aquela que congrega pesquisadores das várias unidades especializadas da Embrapa. Estamos levando para o Mato Grosso pesquisadores da Embrapa Soja, da Embrapa Gado de Corte, da Embrapa Gado de Leite, da Embrapa Instrumentação.
Então, congregando ali um conjunto de profissionais que vão trabalhar o conceito dos sistemas integrados. Então, nós construímos essa unidade que eu diria é algo inusitado. Eu acho que poucos países têm uma unidade como essa, além de ser uma estrutura maravilhosa, muito bem concebida. Parabéns, aqui de público, ao João Flávio, que liderou esse processo. É uma unidade plenamente funcional, trabalhando um conceito que vai ter que se consolidar no Brasil, que é o conceito da intensificação sustentável na nossa agropecuária. Com o Código Florestal, nós vamos ter que elevar a produtividade da nossa agropecuária na vertical e não mais na horizontal, ampliando área. Nós vamos ter que aumentar a eficiência, aumentar a efetividade.
Então, é um modelo de experimentação em outra escala. Nós não estamos fazendo aqui mais experimentação em pequenos plots, nem em pequenos campos experimentais. É experimentação na escala do produtor, na escala das fazendas, uma coisa inusitada para pesquisa e inovação, não só no Brasil, no mundo. Usando automação avançada, uso de drones para sensoriamento remoto. Essa unidade está fazendo algo inusitado. Nós já estamos iniciando o uso dos VANTs (Veículos Aéreos Não Tripulados), para fazer o acompanhamento sistemático dos nossos experimentos no campo.
A Embrapa Agrossilvipastoril aqui já visualizada como uma imagem a partir de um drone, nós estamos adaptando os drones para fazer o acompanhamento sistemático dos nossos experimentos a campo.
A empresa tem também lançado mão de parcerias com o setor privado para aumentar sua capacidade, a sua efetividade, para que a gente possa acessar estrutura e competência de outras empresas. Hoje a Embrapa tem cooperação com 160 parceiros públicos e privados, nacionais e internacionais. Dou um exemplo: a Rede de Fomento ILPF. Essas empresas todas se uniram à Embrapa e nós formamos uma grande rede para promover as tecnologias chamadas ILPF (Integração Lavoura-Pecuária-Floresta), que entendemos vai ser a próxima grande fronteira da agricultura brasileira no futuro.
Essas empresas nos apoiam num grande programa de disseminação das tecnologias que a Embrapa está gerando, para correção do solo, para integrar a lavoura à pecuária, à lavoura-pecuária-floresta, trabalhar diferentes alternativas, diferentes modelos. Então, um trabalho maravilhoso feito em grande sintonia com o setor privado nesses lugares todos do Brasil, onde tem um pontinho ali, tem uma grande base, uma grande unidade de referência tecnológica baseada nos conceitos de ILPF em todo o Brasil. Uma rede poderosa feita junto com o setor produtivo, com fazendeiros, nas propriedades rurais, adaptando tecnologia para diferentes realidades do nosso País.
Estamos também trabalhando um conceito de Núcleo Territorial de Inovação e Referência Tecnológica para aproximar a Embrapa do setor produtivo. Estamos fazendo isso com as universidades, com o setor privado. Por exemplo, queremos discutir com o setor privado. Não é momento de o Brasil começar a pensar em erradicar o bicudo? Essa praga terrível, os americanos conseguiram erradicar o Bicudo, porque nós não podemos erradicar?
Estamos agora discutindo com o setor algodoeiro, que é extremamente organizado, extremamente um setor muito informado, nós podemos perfeitamente trabalhar esse conceito.
R
E aqui, Senador Blairo, eu acho que essa informação aqui tem muita relevância para que o senhor nos coloque. Nós temos uma preocupação enorme em relação à dependência tecnológica, em relação à biologia avançada, a transgenia, aos novos genes, às novas funções biológicas que a nossa agricultura vai precisar.
Eu tenho inclusive falado publicamente da nossa preocupação com a dependência talvez muito exagerada em relação às empresas, em especial as multinacionais. Não temos nada contra elas, somos parceiros das grandes multinacionais, queremos continuar sendo parceiros, mas não gostamos da ideia de uma dependência exacerbada, extrema, do Brasil em relação a essas tecnologias.
Estamos criando para isso esse conceito de Unidade Mista de Pesquisa. A Embrapa está desenvolvendo juntamente com a Unicamp uma plataforma voltada para o desenvolvimento de ativos de base biológica para adaptação à mudança de clima. Essa unidade mista entre a Embrapa e a Unicamp é uma coisa inusitada, uma empresa tecnológica com uma universidade. Nós teremos um espaço no parque tecnológico da Unicamp para desenvolver um pipeline de P&D para o desenvolvimento de ativo, os transgenes que o Senador Blairo tão bem coloca que nós precisamos dominar. Esse pipeline já está organizado, já iniciamos esse projeto com a Unicamp, um projeto de R$ 70 milhões. Nós não ficamos a dever nada para as grandes empresas em termos de conhecimento e competência. Agora, precisamos ter investimento e capacitar as nossas organizações para montar os pipelines à semelhança que as empresas montam.
Esse programa com a Unicamp está montado, estruturado, todo o planejamento feito, inclusive com a infraestrutura necessária. Ele custará R$ 70 milhões. Eu já conversei e tenho conversado com o BNDES e estive falando com o Presidente do BNDES, o Presidente Coutinho, mostrando a importância de o Brasil ter o domínio dessa tecnologia, a nossa capacidade de desenvolver esse tipo de pipeline aqui. É um investimento relativamente baixo.
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - É no parque tecnológico da Unicamp, em São Paulo. É interessante a combinação porque nós temos na Unicamp a nossa unidade Embrapa e Informática Agropecuária. E temos...
Cumprimento o Senador Wellington Fagundes, autor do requerimento pela nossa presença aqui. Bom dia, Senador!
Senador Blairo, vai ficar aqui exatamente nessa área da Unicamp onde está sendo criado um grande parque tecnológico, é um projeto de custo relativamente baixo, R$ 70 milhões, nós já mobilizamos para lá os pesquisadores da Embrapa, os pesquisadores da Unicamp. Então, já temos o pipeline para desenvolvimento dos nossos transgênicos, dos nossos organismos geneticamente modificado e estruturado lá.
Eu queria rapidamente, Senadora, também falar um pouquinho, obviamente que não vou passar por todos os processos importantes para a gestão e governança na nossa empresa. Mas eu gostaria de destacar alguns: o Senador Blairo manifestou uma certa preocupação em relação a focos, em relação a escolhas e nós estamos fazendo algo que eu diria também é um pouco inédito para organizações públicas no Brasil.
Nós, desde 2012, eu vivi na Coreia do Sul, me impressionou muito o trabalho que se faz na Coreia do Sul em termos de inteligência estratégica. Os coreanos investem muito nos processos de inteligência estratégica competitiva, tem muitos, tem tanques para olhar par o futuro, para modelar futuros possíveis.
Então, tão logo assumi a presidência da empresa uma das primeiras coisas que fiz foi criar uma base de reflexão, de analise, de formulação estratégica para a empresa, chamado Agropensa. Aqui mostramos de maneira muito simplificada como a nossa organização funciona. Nós temos que olhar para o futuro, para os demandas na sociedade, para o mercado de inovação, trabalhar um processo de inteligência que nos ajude a construir a visão, que direções a empresa vai tomar daqui para o futuro. E essa visão orientar o nosso processo de produção.
É exatamente isso que nós estamos fazendo com o nosso sistema de inteligência estratégico, o Agropensa, que é um caminho que acho necessário e inevitável para as instituições brasileiras, investir mais em antecipação e antevisão do que simplesmente em reagir aos desafios que estão postos.
Essa rede Agropensa, a base Agropensa já nos permitiu produzir o documento de visão da Embrapa para os próximos 20 anos, este documento está pronto, está disponível na internet e mostra qualquer visão da Embrapa e seus parceiros de desafios, de riscos, de oportunidades para os próximos 20 anos.
R
E foi esse trabalho de visão que nos orientou na revisão do plano estratégico da Empresa.
Se a senhora me permite, Senadora, eu gostaria de colocar um vídeo curtinho de dois minutos, que mostra o que é a rede Agropensa, que acho que é uma iniciativa importante da Embrapa. Pela primeira vez, estamos trazendo o conceito de inteligência estratégica e inteligência competitiva para a pesquisa agropecuária.
Peço a paciência para esse vídeo curtinho de dois minutos.
(Procede-se à exibição de vídeo. )
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - A Senadora Ana Amélia informa que o meu tempo já expirou. Peço, Senadora três, quatro minutinhos para passar, muito rapidamente, eu gostaria que retornasse.
Enquanto isso, cumprimento o Senador Ronaldo Caiado e também o Senador José Medeiros, que chegaram.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - A Bancada do Mato Grosso, hoje, inteiramente presente porque também está aqui uma questão fundamental para o Estado. Então, queremos cumprimentar a assiduidade da Bancada do Mato Grosso do Sul, viu, Senador Moka?
Enquanto ele coloca o Power Point, o senhor fez uma referência à questão da aquicultura e pesca, quero renovar o convite aos nossos telespectadores, porque, por requerimento do Senador Donizeti Nogueira e do Presidente da Comissão de Agricultura da Câmara dos Deputados, vamos realizar, no dia 29, a partir das 14h, em Palmas, Tocantins, uma audiência pública, um debate sobre exatamente os desafios desse setor, os gargalos e o desenvolvimento do setor. E a Embrapa é peça fundamental. Só renovando o convite, então.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Certamente, a nossa unidade estará presente, Senadora, e posso garantir que estamos desenvolvendo em Tocantins o que será o centro mais avançado de pesquisa e inovação para a pesca e aquicultura, talvez, na América Latina. É, realmente, uma unidade extraordinária com desenho extremamente...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Até agradeço ao Senador Donizeti por nos propiciar essa oportunidade para esse debate.
R
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Eu não tenho mais tempo. Eu trouxe uma apresentação bastante completa falando agora do plano estratégico da empresa, a partir desse trabalho de inteligência, como revisamos o nosso plano estratégico. A Embrapa está com o seu plano estratégico revisado, definiu, redefiniu os seus grandes eixos de impacto, podemos discutir isso durante o debate, as escolhas que a empresa está fazendo, levando em conta que vamos ter uma agricultura mais multifuncional daqui para o futuro, olhar alimento, nutrição e saúde, olhar os serviços ambientais, os serviços ecossistêmicos, biomassa, biomateriais, interface da agricultura com a indústria da química verde, enfim, um conjunto amplo de prioridades.
Os projetos que a Embrapa executa... Hoje temos 1.354 projetos organizados em grandes portfólios. A Embrapa não gerencia mais seus projetos de forma individualizada, estamos ordenando nossos projetos em grandes portfólios de pesquisa, por exemplo, um grande portfólio para defesa agropecuária, que é um grande desafio do nosso Brasil. São milhares de pesquisadores, não só da Embrapa, mas da Embrapa e parceiros, universidades envolvidas nesse portfólio. Portfólio de mudança de clima. Nós estamos olhando o impacto de mudança de clima nos sistemas produtivos de grãos, de floresta, de pecuária. Nossa pecuária poderá sofrer muito em função de mudança de clima e emissão de gases. Infelizmente, não tenho tempo de mostrar tudo.
Vou falar um pouquinho de resultado. Ficou muito marcada a presença da Embrapa no mercado de cultivares. Fomos os grandes provedores de novas variedades, no final dos anos 90 até o início da década passada, mas a Embrapa produz muito mais do que isso. A quantidade de produto, processo, serviço, informação que a nossa empresa produz é desconhecida, infelizmente, da grande maioria do público. Tivemos um papel importante na tropicalização de cultivos, fixação biológica de nitrogênio, por exemplo, é uma tecnologia que só este ano vai economizar R$12,4 bilhões para agricultura brasileira, porque não precisaremos usar mais adubos nitrogenados.
Os avanços na pecuária. Falei aqui das forrageiras, os ganhos no zoneamento de risco climático, que é uma tecnologia importante, que foi desenvolvida pela Embrapa; a tropicalização de cultivos. Nós temos o terceiro maior banco genético do planeta. Isso é uma riqueza sem valor para nós, localizada em Brasília, uma das maiores bases de recursos genéticos que temos. A Embrapa tem 80 programas de melhoramento. Muitos pensam que só produzimos soja, milho e algodão. São mercados competitivos, que as empresas vieram e fizeram investimento muito forte, mas a Embrapa produz muito mais que soja. Continuamos sendo competitivos em soja, temos uma presença no mercado de soja, obviamente não será a presença dos anos 90 ou início da década passada, porque tem muitas empresas hoje com capacidade de investimento muito forte, mas é preciso saber que a Embrapa é a produtora de genético de banana, mandioca, enfim, todas essas coisas, amora preta...Se temos amora preta no Brasil - pode parecer insignificante -, mas é importante no sul, porque a Embrapa faz o melhoramento, trouxe o material genético, está fazendo esforço.
Novas forrageiras. Os programas de forrageiras estão na base dos avanços da pecuária brasileira. Citei aqui a nossa parceria com a Unipasto, que nos ajuda a levar essas inovações e novas forragens para todo o Brasil. Algodão colorido, tropicalização do trigo, um grande esforço que estamos fazendo agora para tropicalizar o trigo, com avanços significativos. Temos materiais cada vez mais competitivos no Cerrado, no trigo irrigado no Centro-Oeste. Esse é um caminho, talvez a última fronteira, para a agricultura brasileira.
Produtos da biodiversidade brasileira na mesa do consumidor, como o maracujá, produto desenvolvido pela Embrapa recentemente; integrar alimento, nutrição, saúde, um tomate com melhor qualidade nutricional, alimentos biofortificados, extremamente importantes na merenda escolar, para os pequenos produtos; a integração com os povos indígenas, as comunidades tradicionais, em função mesmo da legislação que foi aprovada ontem.
Talvez, para finalizar, um programa, Senador Blairo, extremamente importante: a Embrapa está fazendo um grande investimento para estruturar o que chamamos de programa nacional de melhoramento preventivo. Estamos monitorando e mapeando quais são as pragas e as doenças que estão circulando ao redor do mundo e que, se chegarem ao Brasil, vão causar um grande problema para nós.
Minha saudação ao Senador Elmano Férrer, que acaba de chegar.
Então, esse programa de melhoramento preventivo poderá ser extremamente importante para nós no futuro, para não passarmos os apertos que passamos com a ferrugem da soja. Estamos monitorando pragas e doenças da soja, do algodão, do milho, do cacau, que estão se aproximando de nós.
R
Estamos indo para esses países, fazendo melhoramentos nesses países, para que, quando o problema aqui chegar, nós estejamos preparados. Aqui está um caso de xanthomonas em arroz, uma doença extremamente danosa ao arroz, que já está presente no Panamá, na América Central. Estamos indo ao Panamá fazer teste nos nossos materiais genéticos lá para descobrir aqueles que são resistentes e trazê-los para cá, porque, se essa doença chegar ao Brasil um dia, vamos ter como enfrentá-la.
Então, é muito importante a Embrapa ter essa visão de antecipação, de preparo, para que a gente não tenha de reagir quando a coisa já tiver acontecido.
A despeito da crítica construtiva, Senador, com a qual eu concordo, da pouca presença da Embrapa no mercado de inovação biotecnológica de transgenia, é importante ressaltar que a Embrapa, com quase 100% de certeza, é praticamente a única instituição pública de pesquisa agropecuária no mundo que consegue ter presença nesse mercado, que, como todos sabem, é um mercado extremamente intensivo em capital, em investimento. Estão aqui os players nesse mercado no Brasil, as grandes empresas detentoras de ativos biotecnológicos que participam do mercado. A única instituição pública que está presente ali é a Embrapa. Nós estamos fazendo inovação aberta com a BASF alemã; este ano vamos lançar a soja cultivance, que acaba de ser aprovada na União Europeia. No ano que vem, vamos lançar o primeiro produto inteiramente desenvolvido pela Embrapa, o feijão transgênico resistente ao mosaico dourado.
Olhando ao redor do mundo, nós somos a única empresa pública que conseguiu se segurar e ter presença nesse mercado. Talvez na China, a Chinese Academy Agricultural Sciences está tentando manter uma presença pública, mas a China é diferente, o Estado está pesadamente por trás da CAAS. Então, temos presença nesse mercado. Com o programa que estamos desenvolvendo com a Unicamp, e aí eu peço o apoio dos Senadores, das lideranças, para que a gente consolide esse programa da unidade Embrapa/Unicamp.
Eu acho, Senador, que é a última chance de termos uma iniciativa autóctone, brasileira, para marcamos presença nesse mercado. A Embrapa tem competência, a Unicamp tem competência. Juntando essas competências, nós podemos desenvolver uma base poderosa para produção de ativos de base biológica a um custo relativamente baixo. Eu tenho conversado muito esse assunto com a Senadora Kátia Abreu e ela está sensibilizada para a necessidade de levarmos esse projeto adiante. Temos experiência de trabalhar com inovação aberta, e a lógica é esta: nós não podemos mais resistir às mudanças que rolam pelo mundo, nós vamos ter de trabalhar num sistema de interdependência. Nós não vamos ser inteiramente independentes numa área como essa, extremamente intensiva em capital e conhecimento; nós vamos ter de fazer inovação aberta como a Embrapa está fazendo, um belíssimo trabalho de combinação de ativos da Embrapa com ativos da BASF alemã, para desenvolver um novo produto. Nós podemos dinamizar muito essa capacidade se tivermos a estrutura e os investimentos necessários.
É o caminho para o Brasil colocar um pé nesse mercado, que é extremamente importante para o futuro e para a competitividade da nossa agropecuária. Um exemplo, Senador - isso é muito interessante -, é um projeto que já estamos desenvolvendo, a soja Areb, estamos focando muito mudança de clima, adaptação de planta a condições de estresse, especialmente estresse abiótico. Aqui é uma soja que recebeu um gene de um parceiro nosso japonês, o Riken, é resultado da nossa cooperação internacional. Esse gene dá à planta uma capacidade muito grande de suportar períodos longos de seca, de pouca água no solo. Aqui está, à direita, a soja não transformada; à esquerda, a soja transformada com esse gene Areb. Os resultados são extraordinários! Isso pode trazer um diferencial incrível para nós em pouco tempo, desde que tenhamos a capacidade de investimento, os parceiros privados, que vão se juntar a nós e fazer com que isso siga em frente.
Temos grande liderança em seleção genômica de eucalipto. Eu vejo que V. Exª está um pouco ansiosa com o tempo...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - É que nós temos a exposição do Dr. Flávio também.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Claro. Eu vou terminar. Eu vou deixar com V. Exªs cópias. Por exemplo, acabamos de chegar a um resultado extremamente importante, a possibilidade de produzir uma proteína que desponta como uma grande promessa para a prevenção da Aids.
R
É uma proteína que inativa o vírus da Aids. Isso foi feito por uma unidade nossa aqui em Brasília. Conseguimos transformar soja para produzir esse peptídeo em grande quantidade. Abre-se um espaço grande nessa vertente da agricultura com a bioindústria.
Da mesma forma no genoma do café, nós estamos discutindo coisas interessantes como a molécula similar à morfina, filmes comestíveis, um trabalho da nossa unidade em São Carlos para novos materiais.
Na clonagem animal, a Embrapa é líder. Na questão da água, tão importante, nós temos um programa poderoso para produção de água nas propriedades, baseado nessas barragens que já estão amplamente disseminadas no Brasil, essas pequenas barragens que recompõem o lençol freático e nos permitem produzir água nas propriedades. Já temos 500 mil dessas barragens em todo o Brasil, no momento em que a gente está falando de crise hídrica.
As geotecnologias é um outro investimento muito forte nosso, como usar monitoramento por satélite, mapeamentos e modelagens avançadas.
Enfim, infelizmente, eu não tenho tempo, mas vou deixar cópia desta apresentação. Recentemente, a Ministra lançou o programa de desenvolvimento do Matopiba, inteiramente baseado em modelagens que nós fizemos de inteligência territorial estratégica, usando imagens de satélite, modelagem avançada. A Embrapa tem uma presença forte já no Matopiba.
O mapeamento da agricultura irrigada no Brasil, para V. Exªs terem uma ideia, nós já fomos capazes de mapear todos os pivôs centrais no Brasil, usando imagens de satélites e usando geotecnologias. Isso é um instrumento poderoso para a gente fazer a gestão dos recursos hídricos das nossas bacias hidrográficas onde a água é demandada. Aproveitamento de resíduos, modelagem de sistemas produtivos para os pequenos produtores, coisas inusitadas que a Embrapa faz.
A fossa séptica biodigestora é uma modelagem simples, de baixo custo, que deu uma importância grande na conservação e na qualidade da água no meio rural.
Campanhas. A Embrapa fez uma campanha importantíssima que foi a Caravana Embrapa por ocasião da ocorrência de helicoverpa, essa praga que nos deixou em pânico. Rapidamente nós mobilizamos todos os nossos pesquisadores que circularam este País todo, orientando no manejo integrado de pragas, trabalhando junto com o setor produtivo e com os consultores privados, para que a gente pudesse rapidamente fazer frente a este desafio.
Água na agricultura. Nós temos um grande portal. Estamos entrando na era dos aplicativos móveis. A Embrapa já tem vários aplicativos que podem ser baixados no celular, facilitando a chegada da informação e do conhecimento que a gente desenvolve para os nossos produtores, para os técnicos, para os capacitadores no campo; enfim, a comunicação digital, a quantidade de material técnico que a empresa produz.
E a última coisa que eu quero falar, que eu acho muito importante, é a forma determinada como a Embrapa participa, se envolve e contribui para a construção e melhoria de política pública no Brasil.
Nós temos várias políticas públicas no Brasil que são basicamente conhecimento e informação gerados nos campos experimentais da Embrapa que se tornaram políticas públicas importantes. O zoneamento de risco climático é um deles, o zoneamento agroecológico da cana é outro, o plano ABC (Agricultura de Baixo Carbono) é quase que inteiramente baseada e sustentada em conhecimento que saiu dos campos experimentais da Embrapa, dos nossos parceiros públicos e privados. Estamos participando na construção de uma série de outras políticas públicas importantes. Eu acho que é importante destacar essa contribuição que a nossa empresa dá. A construção e melhoria de políticas públicas no nosso País.
Eu peço desculpas, Senadora, por ter passado tanto o tempo que me foi alocado, mas achei importante a gente fazer esta síntese muito rápida, muito breve e nos colocamos à disposição para destacar outros pontos que V. Exªs julguem necessários destacar e, enfim, dialogar sobre o que for necessário.
Muitíssimo obrigado pela atenção de todos.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada, Presidente Maurício Lopes.
Isso justifica a demora com que o convite desta comissão a V. Exª aconteceu. Agora se justifica, pelo volume de informações prestadas em relação ao convite formulado para estar presente aqui.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) - Srª Presidente, eu só queria rapidinho...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Eu queria passar a palavra...
Pela ordem, Senador Wellington Fagundes, que foi requerente junto com o Senador Blairo Maggi desta audiência.
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) - Exatamente. Eu queria fazer a justificativa, porque eu vou ter que sair e eu gostaria muito de acompanhar esta exposição na sua íntegra, mas, como eu estou relatando um projeto sobre aquela questão da guerra fiscal, me chamaram para uma reunião lá e tenho que ir.
R
Então, eu quero pedir desculpa aqui à Presidente e a todos por ter apresentado o requerimento e não poder ficar, mas isso aqui tudo vai ser gravado...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Tem a nossa agenda...
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) - ...e a gente vai ter acesso. Mas eu quero, de qualquer forma, parabenizar a Embrapa pela sua tradição.
Eu penso que a gente precisa fazer com que a Embrapa esteja mais próxima do conhecimento da população sobre seu potencial. Eu acho que esse é um aspecto que talvez, pela falta da base, das EMPAERs, enfim, daqueles que eram os parceiros principalmente na extensão, eu acho que está sendo um dificultador para que a Embrapa chegue principalmente no pequeno, em acesso a todas essas pesquisas que hoje V. Sa já demonstrou aqui.
Mas eu só quero registrar que reconheço e entendo que a Embrapa realmente prestou um grande serviço ao Brasil e pode prestar muito mais ainda, principalmente com o nosso banco genético aqui, abundante, que é pirateado, enfim, que é explorado por outros países, inclusive. A gente não pode perder. E muito do que a Embrapa tem ainda é exatamente esse banco genético que V. Sa colocou.
Então, eu acho que esse é um patrimônio muito grande do Brasil e a gente tem que buscar os caminhos para fortalecer mais ainda a Embrapa. Mas é aquela história do ovo da pata e da galinha. Com certeza, o da galinha é muito mais comercializado porque ela faz a propaganda.
Então, eu penso que a gente tem que criar mecanismos para que a Embrapa seja mais reconhecida e conhecida pela população brasileira.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada, Senador Wellington. Entendemos a nossa agenda...
O SR. WELLINGTON FAGUNDES (Bloco União e Força/PR - MT) - E elogiar a presença da Embrapa lá em Sinop, que foi o último implantado, e com certeza com toda a tecnologia em uma região extremamente importante.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - O Presidente deu um destaque especial à rapidez com que foi implantada essa unidade no Mato Grosso, com a ação do Dr. João Flávio.
Eu passo a palavra, então, ao Chefe Geral da Embrapa Agrossilvipastoril, lá do Mato Grosso, Dr. João Flávio Veloso Silva.
O SR. JOÃO FLÁVIO VELOSO SILVA - Bom dia a todos. Bom dia, Senadora Ana Amélia. Bom dia, Senadores, especialmente os Senadores do Mato Grosso, José Medeiros, Blairo, Wellington, Moka. E ainda ao Elmano, Caiado, enfim. Agradeço a todos. Vou tentar falar rapidamente.
A Senadora Ana Amélia me deu dez minutos, então eu vou tentar... Eu vou avançar um pouco na apresentação e não a farei até o final.
Bom, vamos falar um pouquinho da história que realmente foi muito interessante da Embrapa Agrossilvipastoril, que eu preciso mencionar que foi construída a várias mãos, muita gente ajudou.
E eu quero falar um pouquinho de algo a que o Senador Moka se referiu, a questão do foco. Como é que feito isso? No Mato Grosso, nós fizemos um planejamento estratégico olhando várias questões e essas duas aqui que eu vou mostrar acho que são importantes.
O Mato Grosso tem uma estrutura fundiária que realmente nos mostra que temos que focar nos vários segmentos dos agricultores, tanto os pequenos, como os médios, como os grandes produtores, porque, do ponto de vista fundiário, há uma representatividade bastante grande desses segmentos. E, do ponto de vista econômico, o agronegócio, setor de carnes, complexo soja, enfim, é que fazem a maior parte do PIB agrícola do Estado.
Então, sabendo da questão fundiária, sabendo da questão econômica do Estado e o que o mundo nos mostra pela frente, nós fizemos um planejamento estratégico e começamos a desenvolver o trabalho no Mato Grosso.
Então, é um trabalho, Senador Moka, extremamente pragmático. Nós sabemos por que nós temos que olhar para o grande, nós sabemos por que nós temos que olhar para o pequeno e sabemos por que nós temos que olhar para o médio no Mato Grosso. E escolhemos as cadeias produtivas, e mãos à obra porque a gente tinha bastante coisa para fazer.
O Mato Grosso já demandava uma presença da Embrapa há muito tempo e, realmente, nós nos colocamos a serviço. Definimos a missão, que tem um foco em sistemas integrados. É uma questão que o Senador Blairo menciona e é uma questão que se verifica no mundo inteiro, que é essa diminuição da velocidade e ganho de produtividade.
Isso ocorre no mundo inteiro e eu acho que no Mato Grosso nós temos um olhar que pode ser bastante diferente, Senador, que é o ganho no sistema agrícola.
R
Muitas vezes, a gente não tem um ganho muito específico e expressivo na soja ou no milho, mas, enfim, quando nós somamos todos os componentes do sistema agrícola, vemos que o Mato Grosso tem, sim, melhorado muito o rendimento. E este é o foco dessa unidade: olhar para sistemas integrados.
Nós fizemos um trabalho muito acelerado. E eu volto a mencionar aqui a importância - na época, o Senador Blairo era Governador do Estado - e a ajuda também das prefeituras municipais, do Estado de Mato Grosso, da população de Mato Grosso, que nos ajudaram muito de forma a que a gente pudesse chegar a 2012 e inaugurar a unidade. Foram dois anos de construção, 8.400m².
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Ressaltar a coragem do Prefeito, não é?
O SR. JOÃO FLÁVIO VELOSO SILVA - Sem falar a coragem do prefeito.
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - O Prefeito Juarez que foi lá, comprou a área, doou a área. Coisas assim que a gente nem acreditava que conseguiria fazer, a persistência e a determinação.
O SR. JOÃO FLÁVIO VELOSO SILVA - Como ele falou? A noiva é bonita, mas é cara?
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - É, a noiva é bonita, mas é cara. Mas ele acabou levando para casa.
O SR. JOÃO FLÁVIO VELOSO SILVA - E deu certo.
Se olhar a área, essa área que é a primeira imagem de 2009, em 2012, estávamos assim; hoje, em 2015, todas essas áreas que não estavam ainda ocupadas, hoje já estão com experimentos. Então, foi realmente muito rápido e a ajuda foi fantástica.
Os empregados que nós temos lá, também o Presidente Maurício falou um pouco da Embrapa. Nós temos mais ou menos um retrato do que a Embrapa tem, mas aqui nós temos algo interessante.
O Mato Grosso demorou muito a ter uma unidade da Embrapa, mas, quando recebeu uma, recebeu uma unidade que o Presidente chama de unidade hub. O que é isso? Nós temos ali um conjunto de outras unidades trabalhando conosco. Temos dez outras unidades em Mato Grosso: Embrapa Algodão; Embrapa Arroz e Feijão; Embrapa Floresta; Embrapa Informática ; Embrapa Mandioca e Fruticultura; Embrapa Milho e Sorgo; Embrapa Meio Norte; Embrapa Produtos e Mercado; Embrapa Soja; e Embrapa Solos; além de outras instituições.
Por exemplo, Blairo, o Imea está conosco lá, fisicamente e trabalhando. Então, é um arranjo que eu acho muito interessante, dá uma dinâmica muito boa.
Aqui são os parceiros. Dezenas de universidades, órgãos patronais, organizações não governamentais, associações, setor público-privado, enfim, nós temos um dinamismo grande mesmo porque o Estado do Mato Grosso é muito dinâmico e nós já, nesse curto espaço de tempo, estabelecemos boa parceria, estabelecemos uma ótima instrumentação científica, o Senador Wellington esteve lá, verificou in loco. Hoje, a Embrapa Agrossilvipastoril tem alguns equipamentos que são difíceis de se ver em centro de pesquisas. São 23 laboratórios em 5 blocos. Bloco I, Sanidade Animal e Vegetal; Bloco II, Microbiologia e Fitoquímica; Bloco III, Solos e Água; Bloco IV, Biomassa; Bloco V, Sementes e Mudas.
Isso nos permitiu, hoje, Senador Blairo, que liderássemos uma carteira de projetos com 38 projetos; hoje a Embrapa Agrossilvipastoril já tem um portfólio e uma captação de recursos típica de uma unidade de média para grande. Então, realmente, aquela semente que o senhor nos ajudou a plantar, hoje, já tem uma carteira de projetos muito grandes.
E eu vou focar em alguma coisa relacionada especialmente a grãos. Não vou mostrar tudo, mas vou falar aqui um pouco dos grandes experimentos de integração lavoura-pecuária-floresta que nós conduzimos, o Presidente Maurício já mencionou este, é um experimento de 104 hectares; esse também, um experimento de 57 hectares, em que trabalhamos com indicadores de sustentabilidade.
Enfim, o Mato Grosso hoje é muito temido do ponto de vista de competitividade. O que nós precisamos mostrar? Precisamos mostrar que nossa agricultura é sustentável. Então, nós trabalhamos com vários parâmetros de indicadores de sustentabilidade, desde atributo químico, atributo físico de solo, atributos biológicos de solo, mais - isso é da minha área, de nematologia -, dinâmica de insetos/praga. Isso tudo nós estamos fazendo, este aí é uma flutuação populacional dessa lagarta, das lagartas que estão presentes, anticarsia, spodoptera, também com relação à helicoverpa, temos um trabalho muito forte também de flutuação populacional.
Também os atributos econômicos, temos muita preocupação com isso, não basta ser somente sustentável do ponto de vista ambiental, mas também econômico, é fundamental que seja.
Na questão de água, Senadores, estamos com um foco muito grande na questão da água na agricultura e no impacto que essa agricultura promove com relação aos recursos hídricos dos córregos.
R
Fazemos um trabalho de monitoração de rios da região, com vários parâmetros, e nisso aí a gente está ligado.
Outra questão importante é a questão de plantas daninhas resistentes. Sabemos do impacto disso no Paraná, no Centro-Sul. Estamos monitorando em diversos locais no Mato Grosso.
Da mesma forma, a resistência a percevejos, a inseticidas, Senador Blairo, que é uma queixa recorrente no Estado. Então, estamos monitorando as populações de percevejo no Estado inteiro. A gente está avaliando isso, criando.
Estamos, também, mapeando. Isso aí é um trabalho de biologia molecular. Gênese de resistência, ou seja, apoiando o desenvolvimento de cultivares com resistência aos percevejos, enfim, para que a gente reduza os danos.
Nematóides, o Senador sabe que é uma reclamação constante. Estamos trabalhando, muito fortemente, com a questão de pratylenchus. Estamos trabalhando com a parte de sensoriamento remoto. A unidade já tem, já fez aquisição de drones. Estamos trabalhando, aí, com vários comprimentos de onda, para a gente poder conseguir fazer o monitoramento mais perfeito da lavoura.
E, finalmente, eu só trouxe tecnologias ligadas a grãos, mas estamos trabalhando com várias outras cadeias produtivas na pesquisa. E na transferência de tecnologia, nós temos um trabalho fantástico feito com as instituições estaduais.
A gente está focando em mais ou menos 12 cadeias produtivas relevantes para o Mato Grosso - fruticultura, piscicultura, leite, mandioca, pecuária de corte, grãos e fibras, olericultura, enfim...
(Soa a campainha.)
O SR. JOÃO FLÁVIO VELOSO SILVA - Eu vou mostrar, rapidamente, aqui, como é que funciona isso. A rede de integração lavoura-pecuária-floresta o Presidente Maurício já falou que é uma rede nacional; e, no Mato Grosso, nós temos aqui 11 unidades de referência tecnológica no Estado.
Só estou falando de uma cadeia produtiva - nós fazemos isso para todas as outras - e são vários técnicos que estão espalhados no Estado. Somente para essa cadeia produtiva nós trabalhamos com cerca de 285 técnicos multiplicadores que estão cadastrados em vários Estados.
Aqui, é um eslaide um pouco confuso, mas mostrando onde estão esses técnicos, quantos módulos de capacitação cada região já fez. Temos 11, então, unidades referenciais de tecnologia e estamos implantando mais duas.
Então, a Embrapa Agrossilvipastoril trabalha na capacitação de técnicos das empresas públicas, como a Empaer, das associações, como a Aprosoja, enfim, vários desses parceiros trabalham conosco nisso.
Além desses problemas pontuais, por exemplo, quando surgiu a questão da helicoverpa, nós já tínhamos um trabalho muito forte sobre manejo integrado de praga, que, depois, pôde ser ampliado com a questão da Caravana, dos vários encontros que nós fizemos junto com canal rural, junto com a Aprosoja.
Enfim, no Mato Grosso, nós temos procurado ampliar bastante nosso leque de parceria, para que a gente possa, então, atender aos diversos segmentos, Senador Moka, não deixando de reconhecer a relevância e a importância da pequena, da média e da grande agricultura.
Sabemos que todos são importantes, logicamente, dentro de cada contexto, e a Embrapa procura levar um pouco da sua contribuição para essas várias cadeias.
Senadora, eu acho que eu vou parar por aqui. Eu acho que é suficiente, do que a gente já está fazendo e estarei aberto, então, para perguntas.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Dr. João Flávio Veloso Silva, muito obrigada pela sua exposição, muito didática e clara. Mas, como esta audiência está sendo transmitida ao vivo, podemos imaginar que muitas pessoas que estão lá nos confins deste Brasil grande não entenderam algumas expressões aqui citadas, como nós mesmos., Ele falou uma palavra que vai ser muito usada, mas quem é do Sul não sabe: Matopiba. Matopiba é o conjunto da sigla de Maranhão, Tocantins, Piauí e Bahia. Então, Matopiba, Senador Lasier Martins, para nós, sulistas, é uma coisa nova.
Matopiba é, realmente, um projeto muito ambicioso para revolucionar o setor da produção e do desenvolvimento sustentável.
Ele falou uma outra palavra aqui, também, que é muito usual aos técnicos, mas não é: pipeline. Explique, Dr. Maurício, o que é que é esse tal pipeline, para as pessoas a quem nós estamos levando a informação saberem o que é essa terminologia que o senhor usou aqui, pipeline.
R
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Uma descrição mais simples de pipeline é uma linha de montagem. O que nós estamos desenvolvendo em Campinas é uma linha onde vamos, a partir da descoberta de novos genes, da caracterização desses genes, da inserção desses genes em plantas de interesse agronômico, como a soja e o milho, até a viabilização comercial. Então, essa linha de montagem é o pipeline.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - E a outra palavrinha inglesa, também, é o famoso hub, que o senhor a utilizou aqui também. As pessoas devem estar pensando se isso é de comer, se isso é uma coisa saborosa. Então, explique para nós o que é o hub. (Risos.)
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Muito bem. Esse termo hub tem sido muito usado para aeroportos. Fala-se que o aeroporto de Brasília está se tornando um hub, ou seja, é um centro de distribuição, para onde todos vão e de onde todos se distribuem. Então, é um centro de convergência, ligado a um centro de distribuição.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - É importante e penso que nós temos essa obrigação, porque senão as pessoas não estarão... Exatamente porque nós estamos com esta transmissão ao vivo.
Há uma palavra aqui que o senhor usou, em relação à definição da soja. O senhor disse que a soja é uma leguminosa. Ela não é uma oleaginosa?
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - É uma leguminosa e também oleaginosa. A soja é da família leguminosa, porque ela produz aquele fruto, a vagem, que tem o nome técnico de legume, onde estão os grãos, e esse grão é muito rico em óleo. Por isso, ela é também uma oleaginosa. A soja tem um teor de óleo alto.
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Lá no Mato Grosso do Sul, nós temos uma festa do pé de soja solteiro. O recorde é de um pé de soja que dá mais de 21 mil vagens. Os caras acham que é mentira isso.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Grãos. São grãos.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Não, são vagens.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Senador Moka, lá no Rio Grande do Sul deu mais. Deu mais.
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Não tem, é recorde mundial.
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Gostaria de lembrar que nós estamos na Comissão de Agricultura, e não de pesca.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Lá no Rio Grande do Sul, houve uma celebração lá em Santa Rosa...
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - É do Mato Grosso o recorde. Eu trouxe uma fotografia para mostrar para o Blairo. As pessoas não acreditam porque em média é 80 ou 60. É claro que é um concurso. Isso aí é o ano inteiro adubado. Mas é uma coisa impressionante.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Eu peço até a minha assessoria, Senador Moka. Eu peço a minha assessoria aqui... Essa, em Santa Rosa.
(Intervenção fora do microfone.)
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - A tecnologia.
ORADOR NÃO IDENTIFICADO - Qual é o nosso recorde de Mato Grosso?
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Quero que informe quantos...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - O Blairo não sabe, mas o produtor que ganhou lá é um produtor do Mato Grosso. Ele disputa lá. O nome da cidade é Laguna Carapã. E é pé de soja solteiro. Eu costumo dizer que solteiro é só eu e o pé de soja. (Risos.)
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Olha, a propaganda é a alma do negócio!
Queria dizer que, de fato, entregamos os pontos para o Mato Grosso do Sul, para o pé de soja solteiro, porque, no concurso lá na Fenasoja, em Santa Rosa, a planta que ganhou tinha 9 mil vagens. Olha só!
E em Mato Grosso tinha 21 mil.
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - O produtor é do Mato Grosso! Eu estou dizendo, não é do Mato Grosso do Sul. O cara que ganhou lá é do Mato Grosso!
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Então, é verdade!
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Agora houve consenso aqui! Obrigada, Senador Caiado, pela tecnologia, com a foto do campeão.
A última palavra que o senhor usou aqui é uma palavra também muito importante na revolução tecnológica, que é a nanotecnologia. Então, para as pessoas também entenderem o que significa essa nanotecnologia, exemplarmente, na vida real do agricultor, o que a nanotecnologia pode oferecer?
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Muito bem. Antes, quero dizer da importância desse banco genético para a gente chegar a esse pé de soja com essa quantidade de vagens. Sem uma base genética, a gente não continua avançando.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Aumenta a produtividade.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Nanotecnologia. A gente costuma dizer que nanotecnologia é inovação na escala do bilionésimo do metro. A ciência da Física avançou a ponto de nós dominarmos essa escala. São elementos muito minúsculos, muito pequenos, que têm propriedades extremamente importantes.
R
Dou um exemplo. A Embrapa está usando partículas nanotecnológicas para encapsular medicamentos veterinários, de modo que se possa, por exemplo, para curar a mamite de uma vaca, medicamentos que não usam esse encapsulamento muitas vezes têm um impacto ruim na qualidade do leite. Com o encapsulamento em uma partícula nanotecnológica, levamos o medicamento exatamente onde é necessário agir. E ali na interação com a célula doente, a partícula se rompe e o produto é liberado.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - E para o meio ambiente também é importante.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Para o meio ambiente é extremamente importante, porque podemos usar quantidades cada vez menores de princípios ativos, reduzindo o impacto no meio ambiente. São tecnologias que estão sendo muito usadas na área da medicina, para cura, por exemplo, de câncer. Esse tipo de partícula pode direcionar medicamentos diretamente ao tumor. O componente nanotecnológico interage com o tumor e libera o medicamento só naquele lugar, reduzindo o impacto de quimioterapia na saúde das pessoas.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Muito obrigada, Dr. Maurício.
Acho que isso é relevante, pode parecer para quem já sabe, mas acho que estamos dando uma contribuição também para as pessoas que estão acompanhando-nos, especialmente aquele agricultor que não tem acesso a todas essas informações tão relevantes. Esta transmissão é ao vivo, como eu estava falando, pela internet: www.senado.gov.br/ecidadania. Por telefone, a ligação é gratuita, 0800-612211. Pode ser por um telefone fixo, por um celular ou por um telefone público.
Agora, passo a palavra, pela ordem de inscrição, ao Senador Blairo Maggi, que junto com o Wellington fez a colocação. V. Exª está satisfeito ou quer fazer mais uma alguma indagação aos nossos expositores? Pela ordem de chegada, vou chamando os Senadores para os questionamentos.
O SR. BLAIRO MAGGI (Bloco União e Força/PR - MT) - Muito obrigado, Senadora Ana Amélia. Cumprimento tanto o presidente Maurício quanto o João Flávio, pelas colocações e explanações.
Quando faço os questionamentos ou observações que fiz no início, não preciso voltar a fazê-los agora, é sempre no sentido de estimular, de provocar, de dizer: não queremos ficar brincando com o próprio rabo, quer dizer, uma empresa deste tamanho, com 9 mil funcionários, com 3 mil pesquisadores e tantos técnicos e auxiliares, não pode se dar por satisfeita de chegar ao final do ano, do período, de ter quatro ou cinco produtos na prateleira a serem ocupados pelos produtores ou que possam ser vendidos ou que possam ser comercializados.
É uma empresa que precisa olhar a produtividade. Ela custa, se não me engano, um pouco mais de R$2 bilhões por ano, R$2,4 bilhões por ano para os cofres públicos. No final do ano, o que temos na mesa, o que temos de produtos, além das políticas públicas que foram colocadas, que são muito bem-vindas, mas efetivamente de produtos a serem comercializados, a serem utilizados, a serem transformados, com esse conhecimento, em benefício, gerando riqueza, lucro, que gera impostos, que movimenta a economia. Essa sempre é a preocupação.
As mudanças de fato no mundo ocorrem com muita rapidez. Nos nossos próprios negócios, quer seja na agricultura ou na indústria brasileira, nos serviços, se não estivermos atentos às mudanças que ocorrem, quando acordarmos, já foi, o nosso espaço já não está mais aí. Então, sempre minha preocupação com a Embrapa é esta, de que ela não viva sob os louros do passado, que todos nós reconhecemos. Ninguém neste solo brasileiro deixa de reconhece o que a Embrapa fez no passado, mas não podemos aceitar que, por R$2,4 bilhões por ano, para dar o custo dela, que não tenhamos um foco no futuro. O futuro deve ser perseguido. Quando me refiro à biotecnologia da liderança mundial e sei que não serão com esses recursos que temos aí que serão feitos, esses dois teriam que passar para quatro, para cinco, para seis, porque são investigações de longo prazo que custam muitos recursos, que têm que trazer novas parcerias, novos técnicos, reciclar os técnicos. Não é uma tarefa fácil. Mas acho que para um país que é agrícola, pecuário, que tem quase todo seu saldo da balança comercial, sua estabilidade econômica baseada na agricultura e na pecuária, não pode ficar dependendo de outras coisas de fora.
R
Então, sempre é essa a minha preocupação, de estimular a Embrapa, para que ela pense no futuro, que tenha foco, que tenha produtividade.
Por último, depois de mais uma vez fazer essas observações, eu gostaria de perguntar ao Presidente Maurício. Nós trabalhamos juntos num projeto, e me parece que não conseguimos avançar ainda. Mas a Embrapa precisa também ajudar a própria Embrapa. As tecnologias que são desenvolvidas e que são construídas precisam gerar recursos. Elas têm que gerar dinheiro para a própria companhia, para reinvestir. Há coisas que já estão públicas, e a Embrapa não consegue arrecadar royalties, não consegue vender. E há outras coisas que estão vindo aqui e que não sei como serão captados os royalties. Então, a pergunta é: vamos dar andamento àquele modelo não da nova Embrapa, mas de uma Embrapa que possa ser competitiva neste mundo novo, na forma nova como está aí? Quer dizer: "Ah, eu tenho produtos na prateleira, mas eu também quero faturar com esses produtos". O País financia pesquisa, mas o País precisa recuperar o dinheiro dessas pesquisas através dos royalties que são utilizados por todos nós produtores ou até de tecnologias que são mandadas para fora.
Eu conheço alguns centros ou escritórios que a Embrapa tem no exterior que levam conhecimento para fora. Quer dizer, como é que nós captamos isso aqui? Ou é simplesmente um favor que o Brasil está fazendo?
Eu sou um pouco crítico na questão, por exemplo, de levar essa tecnologia que nós temos para a África, porque a África está no meio do caminho entre nós e a Ásia. Daqui a 50 anos, o que nós estamos dando de graça hoje para a África será o nosso grande concorrente. Eu certamente não estarei mais aqui produzindo, mas os meus filhos, os meus netos, o Brasil estará aqui criando um novo concorrente entre o Brasil e a Ásia.
Como é que nós fazer isso no futuro? Vamos vender essa tecnologia ou vamos entregar a tecnologia? E amanhã ou depois teremos um grande concorrente entre nós, na metade do nosso caminho.
Então são essas preocupações geopolíticas e geoeconômicas que nós temos que ter. Eu vi nesta semana que o chinês vem aqui e quer fazer uma ferrovia ligando Goiás, Mato Grosso, Rondônia e Acre, para sair no Peru e ir para Ásia. Se ele fizer isso, por que ele quer fazer isso? É para ficar independente das coisas que estão aí colocadas - Canal do Panamá, 30 dias menos de navegação do que saindo pelo cabo no sul. Quer dizer, é uma questão estratégica de país. E quando me refiro à Embrapa, também me refiro à questão estratégica para o nosso País, de agora, daqui a 50 anos, daqui a 100 anos, daqui a 200 anos. O que nós fizermos agora tem reflexo no nosso futuro. Isso é inegável.
Muito obrigado.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Muito obrigada, Senador Blairo Maggi.
Eu queria aproveitar, já que esta Comissão está sendo transmitida ao vivo até às 10h, depois começa a Comissão de Relações Exteriores. Então, eu acho que seria bom que os Senadores se manifestassem, e aí o Presidente, Dr. Maurício, responderia.
Então, eu convido o Senador Moka, o Senador Caiado e o Senador Lasier Martins, se quiserem fazer as suas ponderações ou indagações. E o Senador Elmano Férrer é o seguinte.
Obrigada.
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Eu confesso que fiquei surpreso, mas positivamente, com o que foi colocado aqui.
Eu acho que foi fundamental a vinda aqui, Maurício e João, porque é importante que a gente possa ter uma ideia. Eu confesso que há algum tempo já não tenho ido à Embrapa. Quando eu era Presidente da Comissão de Agricultura, eu estava ali com muita frequência.
Mas eu acho, Senadora Ana Amélia, porque aqui o tempo é sempre pouco, que seria importante que em algum momento esta Comissão pudesse fazer uma visita à Embrapa e que a gente tivesse mais tempo para ver tudo isso. Então, essa é uma coisa.
Estimula-me muito ver a contratação de outros técnicos que não só agrônomos e veterinários. Mas ter físicos, químicos, esse pessoal é fundamental, porque é o que vai gerar pesquisa mesmo. É um pessoal pesquisador, mas com uma formação específica, principalmente nessa área de física e química, que é onde há essa inovação. É uma coisa que eu sei, porque eu dei aula a minha vida inteira de química e física também. Então, é claro que não tenho essa formação, nem essa pretensão de ter.
R
Mas eu tenho uma avaliação do que é ter um físico pós-graduado, um doutor em Física fazendo pesquisa ou orientando uma pesquisa. Isso é fundamental.
Então, eu confesso que eu fiquei satisfeito. Acho que o João Flávio respondeu a uma questão que, para mim, é importante, porque nós temos que, assim como o Blairo está dizendo, fazer essa tecnologia e vender. E esse recurso tem que servir exatamente para que possamos gerar pesquisa e subvencionar o que chega ao pequeno agricultor.
Eu só vejo dessa forma.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Parabéns.
O SR. WALDEMIR MOKA (Bloco Maioria/PMDB - MS) - Tem que haver alguém que pague a conta. E, como nós temos à disposição esses técnicos, vamos gerar, vamos vender, mas parte desse lucro ou dessa receita tem que fazer chegar ao pequeno. É a única coisa que eu queria que fosse respondido. No caso da extensão, gera-se uma pesquisa e ele me diz se estão trabalhando diretamente com as EMATERs - no caso do Mato Grosso do Sul é a Agraer -, mas é uma coisa importante. Quer dizer, não só gerar pesquisa, fazer com que a pesquisa chegue à ponta.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Senador Moka, nós vamos acolher a sua sugestão da visita à sede da Embrapa, em agenda que marcaremos conforme a disposição do tempo dos Senadores.
Senador Donizeti Nogueira, algum questionamento aos palestrantes?
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - Srª Presidente, Senadora Ana Amélia; Maurício Antônio Lopes, Presidente da Embrapa; João Flávio, Chefe Geral da Embrapa Agrossilvipastoril; eu, na verdade, só quero manifestar a minha surpresa positiva em relação a tudo o que eu ouvi das exposições.
Infelizmente, eu tive que cumprir outra agenda e não ouvi a Agrossilvipastoril. Fico impressionado positivamente pelo que tem sido feito. E olha que também fico impressionado como se faz tanto com pouco. Nós precisamos de mais recurso para a Embrapa. Isto é estratégico para o nosso País: a pesquisa, o conhecimento.
Os filósofos diziam que a terra era produtora da riqueza, depois Adam Smith veio dizer que era o trabalho, mas hoje terra e trabalho só não são suficientes. Precisa-se de conhecimento. Há o conhecimento acumulado e há o conhecimento que vem sendo desenvolvido.
Para mim é uma surpresa agradável. Eu fui a Almas e vi, nós ali no Tocantins, com aquele pontinho, na unidade de referência da Embrapa, o trabalho extraordinário que estão fazendo lá no Tocantins.
Muito obrigado.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Parabéns, Senador. Muito obrigada.
Senador Ronaldo Caiado.
O SR. RONALDO CAIADO (Bloco Oposição/DEM - GO) - Srª Presidente; nossos convidados; Presidente da Embrapa, Dr. Maurício; Dr. João Flávio; realmente, ao assistir à exposição feita pelo Sr. Presidente da Embrapa, eu gostaria de saber por que esse descasamento entre as imagens e as telas que foram aqui projetadas e as informações que chegam a nós da desestruturação da Embrapa em relação à perda dos melhores pesquisadores, cientistas, que se sentiram inibidos em continuar, principalmente na área da transgenia, por uma postura que talvez tivesse um viés ideológico em constrangê-los, no avanço de tão importante momento, quando a demanda de alimentos é hoje algo prioritário para nós que teremos uma previsão em torno de 9 bilhões de pessoas sobre o globo terrestre, em 2050, e como nós daremos conta de superar essa demanda com o aumento da produtividade. Realmente existe essa restrição por parte da Embrapa nessa área da pesquisa? Realmente é verdade que vários pesquisadores e cientistas migraram para outros países por não terem aqui ambiente para continuar o seu trabalho?
Outra pergunta que formulo é: há necessidade de fazermos com que essas informações possam chegar ao produtor, para que ele tenha o menor gasto na sua atividade agropecuária.
R
Nós sabemos hoje o que aumentou, por exemplo, na pecuária, o gasto no dia a dia para o cidadão combater hoje a mosca de chifre. É uma realidade que nós ficamos na mão dos laboratórios e cada vez aumentando mais a incidência.
E cada dia mais o que nós assistimos é que nós não vemos aí nenhum trabalho sendo desenvolvido para que haja um combate capaz e eficaz, capaz de, realmente, produzir um resultado para o setor primário. Ao mesmo tempo, isso já não é diretamente ligado à Embrapa, mas o Governo, a Anvisa impedindo, cada vez mais dificultando o genérico, para que possamos ter um custo menor para o setor.
Em relação à cigarrinha, é algo que vem dizimando milhões de hectares plantados e V. Sª disse da produção de novas forrageiras. Isso tem sido um fator extremamente limitante para nós do Centro-Oeste, as variedades não são resistentes a essas pragas. O custo dessas novas forrageiras estão vindo muito mais dentro de empresas privadas, do que, realmente, da Embrapa.
Então, é lógico que não se pode exigir de uma empresa, também, quando tem um orçamento nesse valor. Mas é importante que tenhamos, primeiro, aqui, uma visão da Embrapa, sobre esse casamento, essa vinculação ideológica que possa estar comprometendo a Embrapa a ser apenas o que foi e passe a ser aquilo que é fundamental para nós hoje disputar.
V. Sª dizia sobre a China, estivemos lá, e nós vimos uma pesquisadora brasileira, chorosa, dizendo que era a única ali naquela entidade e que a China já tinha 140 centros de pesquisas na África, um deslocamento de milhares de pesquisadores.
A preocupação do Senador Blairo Maggi procede. Hoje, o avanço dos chineses na África é uma realidade, e o Brasil precisa buscar, não só uma tecnologia, mas, também, uma capacidade de interagir e, ao mesmo tempo, ter uma visão de geopolítica capaz de dar a nós pelo menos a sustentação nesse último segmento em que nós ainda somos competitivos: prestação de serviços, indústria, biotecnologia, nós já estamos, realmente, defasados há muitos anos.
Então, eu entendo que é uma posição que nós podemos, de uma certa maneira, cobrar, porque desde a época que nós estávamos na Câmara dos Deputados - eis aqui o Senador Moka, que se lembra -, toda emenda nossa de bancada, na comissão, era para a Embrapa. Sempre houve um direcionamento nosso em respeito à Embrapa, e um apoio nosso convergente para a Embrapa.
Então, se tem uma empresa que sempre gozou de credibilidade, até de uma postura suprapartidária na Casa, foi a Embrapa. E como tal eu não vejo por que esse órgão - se é que procede - estar hoje convivendo com essa situação que sai do meio da Embrapa. Eu sou médico, sou um cirurgião e sei a importância da pesquisa, e lógico que, também, a Embrapa não poderia ter viés político, ideológico. Teria que ter o viés, exatamente, da pesquisa e da ciência.
Era o que eu tinha a dizer e as perguntas que eu formulava.
Muito obrigado, Presidente.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada, Senador Caiado.
Passo a palavra ao Senador Lasier Martins. E o Senador, depois, é o Elmano Férrer.
O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Senadora Ana Amélia, Dr. Maurício, Dr. João Flávio, eu quero dizer que fiquei, também, muito bem impressionado com a ampla descrição das atividades de hoje da Embrapa.
Realmente, nos dá uma impressão, da qual não devemos duvidar, devemos acreditar, de que a Embrapa vem fazendo um trabalho extraordinário nessa área tão importante para o Brasil, que é a produção agropastoril.
R
Agora, ao lado de orgulho como brasileiro desse trabalho que é feito, eu quero confessar que fico com uma pontinha de inveja, uma inveja positiva, diríamos assim, como gaúcho, porque há uma centralização impressionante no Centro-Oeste, investimentos extraordinários...
(Intervenção fora do microfone.)
O SR. LASIER MARTINS (Bloco Apoio Governo/PDT - RS) - Pois é, os gaúchos foram para lá.
Esse desenvolvimento do Centro-Oeste tem muito de débito aos gaúchos, porque houve um êxodo muito grande daquele Estado que um dia foi o celeiro de alimentos no Brasil e que vem perdendo espaço há algum tempo.
Então, em relação à produtividade, Mato Grosso, principalmente, Goiás, Tocantins, nos tranquilizam, porque é o Brasil produzindo. Agora, eu fico preocupado: e lá no Sul a quantas andamos? A Embrapa tem algum realce lá no setor do vinho, no setor do trigo, que por sinal sofreu adversidades muito grandes, com excesso de chuvas no ano passado, o arroz, em que somos os grandes produtores brasileiros. Então, a minha pergunta, Dr. Maurício, é bem simples: o que o senhor nos diz, onde é que nós estamos nas atenções da Embrapa lá no Rio Grande do Sul?
E, se não for abuso aos meus colegas, porque em seguida vou ter que me retirar, vou participar do item primeiro, da Comissão de Relações Exteriores, mesmo que seja uma sucinta resposta, para que eu possa ouvir, se o senhor pudesse responder a minha pergunta em primeiro lugar, com todo respeito aos demais colegas. Como é que nós estamos? O que a Embrapa está fazendo com prioridade pelo Rio Grande do Sul? É essa a questão?
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Eu consulto se os Senadores concordam? (Pausa.)
O plenário concordou, então o senhor pode, brevemente, porque também os outros Senadores querem falar.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Muito obrigado, Senador Lasier Martins.
A Embrapa tem uma presença forte no Sul. Temos quatro unidades no Rio Grande do Sul, unidades em Santa Catarina, no Paraná, enfim, a Embrapa dá uma atenção muito especial ao Sul. Temos o nosso centro de referência em trigo, que vem fazendo um trabalho extraordinário para o trigo, tanto de clima temperado quanto no Brasil central, em Passo Fundo, é a unidade líder para o Brasil de pesquisa em trigo, fazendo um trabalho extraordinário agora em trazer o trigo para o Cerrado brasileiro, mas com a base de inovação localizada em Passo Fundo.
Temos a Embrapa Pecuária Sul, localizada em Bagé, com uma atenção muito grande para os desafios da pecuária da produção leiteira, da produção de carne no Sul, muita atenção à questão das pastagens, do manejo das áreas de produção no Sul, com um trabalho excelente também muito significativo.
Temos a Embrapa Clima Temperado, localizada em Pelotas. É um centro ecorregional, com uma agenda extremamente ampla. Melhoramento genético, desenvolvendo novas fruteiras de clima temperado, novos sistemas agropastoris para a região de clima temperado, um trabalho muito grande com os pequenos produtores, com a agricultura familiar a partir daquela unidade.
E a Embrapa Uva e Vinho, na serra gaúcha, em Bento Gonçalves, que é uma unidade de referência da Embrapa para vitivinicultura, mas não trabalhando só no Sul, está trabalhando lá no Vale do São Francisco, levando a uva para Petrolina, uma unidade que teve um papel importante no desenvolvimento da vitivinicultura em Petrolina.
Estamos olhando a questão da qualidade não só da uva, nós também trabalhamos um pouco com a maçã, que é também um produto muito importante do Sul, para o qual a gente dá uma atenção. Essas unidades não trabalham só, elas também levam outras unidades da Embrapa; recursos genéticos e biotecnologia, a Embrapa Meio Ambiente, todas operam a partir das bases que nós temos no Rio Grande do Sul.
É um desafio grande, mas estamos muito presentes. Podemos conversar mais, Senador, sobre a nossa presença e as realizações da Embrapa no Sul.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Queremos mais lá, ainda, mais e mais, ampliar.
Muito obrigado, Dr. Maurício.
Nosso Senador Elmano Férrer, do Piauí.
O SR. ELMANO FÉRRER (Bloco União e Força/PTB - PI) - Presidente Ana Amélia, nossos convidados, queria cumprimentá-los e aos Senadores, também.
Eu não queria fazer propriamente um pergunta, mas uma colocação, e, em seguida, talvez um questionamento.
Nós sabemos que a Embrapa nasceu em 1972, 1973, juntamente com a Embrater.
R
E, como nesses países, historicamente, instituições nascem, crescem, depois fenecem, a Embrater foi uma instituição em que, parece-me, deveria estar sempre a pesquisa e a extensão, sempre atreladas.
O nosso Senador Blairo Maggi disse aqui que a Embrapa, hoje, tem um custo para a sociedade no orçamento de 2 bilhões e pouco mais, em termos de reais, e gera tecnologia. É uma grande instituição, um exemplo para o Brasil. Quando eu me refiro à área pública, quer seja federal, a União, os Estados, as instituições nascem e desaparecem. Por que a Embrapa, ao longo desses 42 anos, vem sempre crescendo? Será fruto disso...
Um pequeno comentário muito rápido, mas a realidade é que a Embrapa tem gerado muitas tecnologias, e isso é inquestionável, inclusive os acordos de cooperação internacional, sobretudo com a África. Nós conhecemos isso, temos informações, mas nós temos um problema de que muita tecnologia gerada não chega ao produtor, a não ser o agronegócio - e os representantes do agronegócio saíram todos, o Blairo Maggi -, porque a Embrapa tem feito grandes trabalhos e tem sido absorvida por esse setor dinâmico da nossa economia. É inegável a ocupação dos nossos cerrados, sobretudo o Matopiba, que, se existe hoje, foi concebido, deveu-se a uma tecnologia gerada pela Embrapa, em que o Piauí, através de sua unidade à época, na década de 80, e o Centro Nacional de Soja, em Petrolina, geraram uma tecnologia, uma variedade que pôde ser, está sendo adaptada, aliás, à produção dos cerrados do Piauí, do Maranhão e da Bahia, incluindo agora o Tocantins. São negócios fantásticos.
Mas, na realidade, o meu questionamento é que, ao longo desses 40 anos, morreu uma instituição importantíssima na transferência da tecnologia gerada que foi o sistema de extensão rural e transferência da tecnologia. A minha pergunta é exatamente em cima disso. Até onde o desaparecimento da Embrater do sistema de extensão rural no Brasil prejudicou a incorporação da tecnologia gerada pela Embrapa pela pequena porção, pelo pequeno e médio produtor rural do Brasil?
A segunda coisa que eu queria ressaltar aqui, que eu acho importante: quando nascia a Embrapa, foi o grande investimento que a instituição fez nos seres humanos, no corpo técnico que estava sendo agregado à instituição. Foi o maior programa de capacitação contínua e permanente de uma instituição de pesquisa no mundo. Foi aquele esforço da Embrapa na década de 70 e de 80.
E o segundo e o fundamental, a isso eu queria me reportar: a gestão. A Embrapa tem, parece-me, mais de 42 centros nacionais nos Estados, e esses cargos são privativos e técnicos, com concurso, hoje, de doutorado e a feitura de um plano de gestão para dois anos prorrogados por mais dois. Ou seja, a política, permitam-me os Senadores aqui presentes, não chegou ainda a influenciar a escolha de um gestor de pesquisa em nenhum Estado, em nenhuma unidade da Federação. É um concurso público, no qual, além da parte curricular, etc., há o plano de gestão.
Então, isso é importante na perenidade das instituições do nosso País. A Embrapa é o que é, realizou o que realizou, primeiro, por investimento nos seus pesquisadores e, sobretudo, por recrutar todos, parece-me. Eu pergunto aqui ao João e ao Maurício se eles são da instituição. O Maurício eu sei que é da Embrapa; o João eu não tenho todo... (Pausa.)
R
Da própria instituição. Ou seja, as instituições são permanentes. O que nós vemos hoje, neste País? São pessoas sendo convidadas para ocupar cargos, quer seja no âmbito do Estado ou da própria União, que não têm capacidade e conhecimento técnico para ocupar esses cargos dentro da sua especificidade.
São esses os questionamentos que faço.
Eu queria fazer só uma pergunta. Até onde a extinção, o desaparecimento, a morte da Embrater prejudicou a transferência de tecnologia, consequentemente, os produtores, sobretudo, os pequenos produtores da agricultura familiar, pela não existência do serviço de extensão rural? Hoje, o que existe nos Estados é uma lástima. Por isso, a colocação e as perguntas.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Senador, duas informações para o senhor, antes de passar... Esta Comissão debateu, em uma audiência pública, a extensão rural, todo o processo. O Senador Donizeti Nogueira foi incumbido pela Comissão para a relatoria. Nós elegemos extensão rural como prioridade de políticas públicas. Regimentalmente, há uma definição da Mesa do Senado para elegermos uma prioridade. Nós elegemos duas prioridades: a extensão rural, em primeiro lugar, cuja responsabilidade para entregar é do Senador Donizeti Nogueira, há uma agenda de audiências públicas sobre o tema, já fizemos uma; em segundo lugar - todas as outras Comissões só têm uma prioridade, nós elegemos duas -, a defesa sanitária agropecuária, que são temas cruciais para o nosso País. O Dr. Maurício deixou muito claro aqui os riscos que corremos, os avanços, na questão do feijão. Nós temos uma tecnologia criada para o feijão, resistente à praga do mosaico. Então, a defesa sanitária é fundamental e vai exigir também investimentos. Apenas para esclarecimento do que esta Comissão já fez a respeito da extensão rural.
O Senador José Medeiros tem preferência, a não ser que seja o mesmo tema, porque o senhor já tinha feito as perguntas, Senador.
O SR. ELMANO FÉRRER (Bloco União e Força/PTB - PI) - Eu quero fazer uma pergunta, mas vamos ouvir.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Vou passar ao Senador José Medeiros, daí voltamos ao senhor, então.
Senador José Medeiros.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Srª Presidente, Srs. Senadores, todos que nos ouvem e nos assistem pela TV Senado, Presidente Maurício, João, mato-grossense, conterrâneo, e Senadora Ana Amélia.
Senadora, tive o prazer de visitar o campo da Embrapa em Sinop. Aquele campo é uma prova de que o Brasil não conhece o Brasil, essa é a verdade. Creio que, em Brasília, nós, nesses gabinetes, a grande maioria não sabe ainda a potência que é este País. O centro de pesquisa da Embrapa é uma joia no meio do Cerrado. Visitei os campos experimentais agropastoris e os campos de experimento de dendê e pude ver o quanto a gente pode avançar na produção de conhecimento neste País. Quem dera tivéssemos em outras áreas, Senadora Ana Amélia, a preocupação em produzir conhecimento! O Cerrado brasileiro, há alguns anos, parece chover no molhado, mas só produzia mandioca, na verdade. Dizia-se que, ali, em se plantando, nada dava, mas, hoje, somos expoentes internacionais em termos de produtividade.
Mas eu queria ir nessa linha da extensão e fazer uma pergunta, porque sei que se falou aqui em valores que a Embrapa, os custos, precisa para manter esse programa e manter a Embrapa. Ao mesmo tempo, a gente tem uma preocupação, porque temos diversos programas no País, outros programas em outras áreas. Fico preocupado, cada vez mais, porque, de repente, vêm os ajustes, é preciso fazer cortes e vão cortando essas coisas, sem muito critério. Por isso, sempre me preocupo, com todas as áreas que vêm aqui, em saber se o órgão está fazendo um trabalho de metrificar, de fazer essa relação custo/benefício, em saber medir a eficiência dos programas. Acho que isso serve até como defesa para o próprio órgão justificar os gastos e para a população ter clareza. Isso está sendo eficiente? Isso está chegando à ponta? Como está sendo? Então, eu queria justamente deixar esta pergunta: se existe, qual a métrica para que isso seja feito?
R
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada, Senador.
O Senador Donizeti, para encerrarmos os questionamentos.
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - Maurício, eu não gosto muito de cair na provocação, mas existem algumas coisas que parecem que são uma nota só. Agora, eu vou fazer uma pergunta contrária. O Senador Caiado falou da ideologização da Embrapa, etc. Eu quero perguntar: o que é ideologização? Desestruturar todo o sistema de assistência técnica, acabando com a Embrater, o Sistema Brasileiro de Assistência Técnica e Extensão Rural, para deixar à vontade da voracidade do mercado, que é a linha neoliberal que os governos que participaram e defenderam fizeram? Não investir na Embrapa, como foi feito naqueles anos? O que é que é ideológico? É ideológico investir, contratar mais mil técnicos? Essa é uma pergunta - o que é o ideológico nisso aí? O ideológico é o que foi feito para desestruturar o sistema ou o ideológico é a ideologização que restringe, não sei o quê, que reestrutura o sistema, investe no sistema para recuperar o tempo perdido?
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada, Senador Donizeti.
Também uma pergunta da Regina, que veio pela nossa comunicação do Senado. A pergunta da Regina, aqui de Brasília, é: "A Embrapa tem alguma pesquisa que avalia o efeito que terá no nosso agronegócio a entrada do Corredor de Nacala, como player importante no mercado mundial de commodities agrícolas? É vantajoso para o Brasil financiar e doar a tecnologia para quem será nosso concorrente?" Então, é a pergunta da Regina. Obrigada já à Regina pela sua participação, encaminhando aqui esta pergunta.
Eu passo a palavra imediatamente ao Dr. Maurício para as respostas, preferencialmente aos Senadores que estão presentes aqui.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Muito bem. De maneira rápida então, eu gostaria de cumprimentar o Senador Elmano Férrer e rapidamente responder às questões que o senhor colocou em relação ao desaparecimento da Embrater e à desestruturação do Sistema de Assistência Técnica e Extensão Rural.
Eu vou dar um número, que eu acho que é importante: a CNA fez, há cerca de dois anos, um levantamento que mostra que, pelo tamanho e complexidade da agricultura que temos no Brasil, provavelmente, nós precisaremos ter cerca de 70 mil técnicos no campo, provendo suporte, apoio, capacitação, fazendo fluir o conhecimento, a tecnologia, a informação para os nossos produtores de forma adequada. Infelizmente, hoje, nós temos algo em torno de 18 a 20 mil técnicos. Então, essa realidade mostra o passivo que nós temos nessa conexão entre a ciência, a inovação, a produção de conhecimento e de tecnologia e o produtor, os sistemas produtivos, as cadeias do outro lado do espectro que, muitas vezes, não têm o apoio e o suporte de um bom sistema de assistência técnica e extensão. Acho que a Anater foi criada exatamente em função dessa constatação, desse passivo que nós temos no Brasil. Eu acredito que, superado esse passivo, nós, da Embrapa, vamos trabalhar com muito mais celeridade, com muito mais capacidade de chegar à ponta, de chegar aos produtores. Acho que a Anater e um bom sistema de assistência técnica e extensão viriam para um extremo benefício para nós, da pesquisa e inovação, porque o conhecimento que a gente gera estaria chegando lá, de forma mais rápida.
O senhor perguntou sobre a nossa vinculação: eu sou pesquisador de carreira da Embrapa, no próximo mês de julho completam-se 32 anos que eu me vinculei à Embrapa como estagiário. Fiz toda a minha carreira na Embrapa, muito embora tenha uma passagem rápida por duas empresas privadas. Igualmente, o João Flávio também é pesquisador profissional de carreira da nossa empresa.
Eu passo, então, agradecendo ao Senador José Medeiros pelos seus comentários, a sua referência a nossa unidade em Sinop. Agradeço a sua manifestação, a sua preocupação com custo, com critérios para os cortes. Obviamente, num momento como este, nós estamos dialogando intensamente com o Ministério da Agricultura, através do Ministério, com o Planejamento. Nós temos uma gestão extremamente cuidadosa do nosso orçamento, dos fluxos financeiros. Num momento de aperto, a Embrapa tem mecanismos para orientar e para dar suporte às suas unidades na priorização daquelas coisas que não podem sofrer descontinuidade, esperando um pouco para muitas coisas que podem aguardar um pouco. Então, fazemos uma gestão bastante cuidadosa num momento como esse.
R
O senhor perguntou sobre métricas.
A Embrapa tem um sistema bastante sofisticado de gestão de desempenho. Ele é chamado Integro. É um sistema que conecta a visão estratégica da empresa, no plano estratégico que eu tentei mostrar rapidamente aqui, com o trabalho de cada empregado da Embrapa. Cada empregado da Embrapa tem o seu plano de trabalho, o seu plano de metas vinculado ao plano estratégico da empresa, e nós fazemos regularmente uma avaliação dos resultados que todo esse sistema gera.
A Embrapa é uma empresa que já usa há vários anos o conceito do balanço social, e estamos migrando agora para o conceito do balanço de sustentabilidade, onde a empresa avalia os recursos que ela recebe da sociedade e o retorno que está dando para a sociedade em termos de tecnologia, de conhecimento, de emprego.
Nós temos um amplo trabalho de avaliação de impacto das nossas tecnologias, desenvolvendo métricas adequadas para fazermos esse acompanhamento sistemático, e ela publica todo ano, no seu aniversário, o seu balanço social. Temos aqui o balanço social de 2000, referente ao ano de 2014, que foi lançado agora, no aniversário da empresa, e estamos dispostos a conversar com o senhor e dar-lhe mais informação sobre o nosso balanço social.
Senador Donizeti, Palmas não constava no mapa. A unidade vai ser inaugurada agora; esperamos, em agosto. Em agosto, vamos ter uma estrutura física em Palmas, a unidade pesca e aquicultura, que tenho certeza vai ser uma das bases e plataformas de pesquisa e inovação para pesca e aquicultura das mais avançadas no Brasil e certamente na América Latina. Então, pode ficar tranquilo que Palmas, no Tocantins, está no mapa.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Esse é o dever do Senador: brigar por sua terra.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Exato. Está certo, mas estará lá.
Com respeito a toda essa questão relacionada à ideologia, eu acho que é importante talvez eu comentar os pontos que o Senador Caiado colocou.
Não há, absolutamente não há evasão de perda de competência e perdas de cérebros da Embrapa; pelo contrário, nós temos uma demanda imensa para que a Embrapa abra concurso. Nós temos hoje profissionais muito capacitados e habilitados disponíveis no mercado, as universidades formando. A Embrapa não perdeu ao longo do... Óbvio, muitas vezes, você perde um ou outro profissional que vai para o setor privado, mas nada como evasão de cérebros, uma evasão de competência. Não existe isso em hipótese alguma, assim como não existe qualquer cerceamento da liberdade de se trabalhar, em especial tecnologias que estão na fronteira do conhecimento. A Embrapa não cerceia, não limita a criatividade dos seus pesquisadores dedicados especialmente à biologia avançada. Nós entendemos que esse é um caminho inevitável, inexorável para o avanço da agropecuária no mundo. Nós não podemos fechar as portas ao conhecimento.
Tivemos, sim - talvez daí a razão de uma certa confusão -, em meados da década passada, uma dificuldade no Brasil de entendimento e do próprio arcabouço legal de biossegurança uma limitação. As instituições ficaram tolhidas da sua liberdade para fazer pesquisa nessa área em função de uma legislação que não nos dava os comandos adequados, nós não tínhamos os comandos adequados. Portanto, para garantir a segurança da empresa, nós, muitas vezes, não entramos em algumas vertentes importantes, assim como, antes da legislação que foi aprovada ontem, da biodiversidade, também não tínhamos comandos claros para acessar e usar a biodiversidade brasileira. A partir da lei que foi aprovada - passou pelo Senado, passou pela Câmara, sancionada ontem -, nós vamos ter comandos mais claros: "Sigam por aqui que é um caminho seguro."
Então, não houve absolutamente nenhum cerceamento de natureza ideológica. Em absoluto. A Embrapa é uma empresa de ciência e inovação. Nós acreditamos que ciência é o motor do desenvolvimento. Fechar as portas ao conhecimento e à ciência é um erro grave que a nossa empresa não comete, não cometeu e não cometerá, estejam absolutamente certos disso.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada.
Mais alguma coisa?
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Talvez mais um último comentário.
Senador Blairo, muito preocupado com as questões de futuro, eu costumo dizer: futuro é o nosso principal insumo, isso eu digo o tempo todo para os nossos pesquisadores. Futuro é o principal insumo de uma instituição de pesquisa e inovação, e a nossa preocupação também com a produção da empresa. Nós recebemos R$2,7 bilhões todo ano da Sociedade Brasileira. Estamos sempre preocupados em devolver isso para a sociedade em conhecimento, em informação e em tecnologia.
R
É por isso que fazemos todo ano nosso balanço social, mostrando os resultados que estamos gerando. Estamos gerando novas pastagens, novas cultivares. A Embrapa não gera coisa só cristalizada, produto que você pode olhar, medir e pesar. Boa parte da nossa produção é conhecimento, é informação, que ajuda os produtores a gerirem melhor seus sistemas produtivos, a tomarem decisão de maneira mais precisa.
Então, eu gostaria, Senadora, de enfatizar a nossa atenção, o nosso cuidado...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Com o futuro.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - ...com a produção, com a produtividade da empresa, com a resposta à sociedade, que paga a conta, e com o futuro. O futuro é nosso principal insumo, eu gostaria de enfatizar isso. Estaremos preparados, Senadora, para voltar aqui e falar sobre a agenda de futuro ou sobre qualquer outro aspecto que seja necessário, para esclarecer a Comissão e para esclarecer os Senadores.
Muito obrigado.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Presidente Maurício, o senhor fez referência ao Senador Moka sobre a prioridade. Também a emenda da Comissão sempre foi destinada à Embrapa.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Sim.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Nós também, um grupo de Senadores e esta Comissão, tivemos um grande trabalho para que aquela área que a Embrapa tem aqui, em Brasília...
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Em Planaltina.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Aquela área em Planaltina estava correndo sérios riscos de sair da Embrapa para um projeto imobiliário. Nós trabalhamos intensamente e conseguimos resolver o problema. Não permitimos que aquela área fosse, digamos, tirada do uso que ela estava tendo, que era muito, muito relevante para a Embrapa. Nós trabalhamos nisso.
Isso serve para reafirmar o compromisso que a Comissão tem com a Embrapa. Nós também temos esta visão que V. Sª expressa: que País nós queremos? Um País que chegou a esse patamar ficar parado no mesmo lugar seria, digamos, dar uma resposta negativa às expectativas brasileiras de continuar sendo, talvez, um grande exemplo, como já é hoje, em matéria de sustentabilidade.
Então, eu também renovo para o senhor essa questão.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Obrigado.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Com a palavra, o Senador Donizeti.
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - Maurício, quando estive com você... Hoje, você disse aqui sobre os R$70 milhões, que é um dinheiro emprestado pelo BNDES. Já foi resolvido aquilo? Ou ainda está pendente?
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Nós estamos dialogando com o BNDES. Temos vários projetos em interação com o BNDES. O BNDES está estudando um apoio grande para que a gente possa estruturar nossa pesquisa em pesca e em aquicultura. Estamos participando do Fundo Amazônia.
Há essa discussão sobre a base da nossa unidade mista Embrapa/Unicamp, em Campinas. É um projeto de R$70 milhões, fundamental para o futuro e para a competitividade da nossa agricultura. Talvez, seja a última chance de a gente ter um pé de maneira firme no desenvolvimento de biotecnologias avançadas no Brasil. Estamos discutindo isso com o BNDES, mas ainda não há uma definição.
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - Nesse caso, se você concordar, bem como, é lógico, os colegas Senadores e a nossa Presidenta, se você achar necessário, talvez, a gente possa dar uma investida no BNDES e uma pressionada.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Podemos fazê-lo. A Comissão acolhe.
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - Essa questão que você apresenta de Campinas, essa parceria é...
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - É fundamental.
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - É fundamental.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Senador, a Comissão acolhe a sugestão de V. Exª e tomará as providências. Vamos acompanhar com a Embrapa a evolução desse processo. Se isso for feito nesta semana ou na próxima, aí, então, invalida-se. Senão, faremos isso, e V. Exª será convidado para integrar a audiência com o Presidente do BNDES aqui, em Brasília - ele tem um escritório aqui -, dependendo da agenda dele.
Com a palavra, o Senador Valdir Raupp.
O SR. VALDIR RAUPP (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Srª Presidente, Senadora Ana Amélia; Sr. Presidente da Embrapa, Maurício Antônio Lopes; Dr. João Flávio Veloso; Srªs e Srs. Senadores, a Embrapa tem sido um órgão muito importante para o Brasil e para parte do mundo. Estive em Moçambique há três anos, e a Embrapa estava lá cooperando. Está ajudando alguns países da África. Isso tem sido muito importante, para levar o nome do agronegócio, da agricultura e da pecuária do Brasil para fora do Brasil também. O Brasil exporta muito, e, hoje, o que tem sustentado a balança comercial do Brasil é o agronegócio. Acho que a Embrapa tem tido uma participação muito forte nesse segmento.
No meu Estado mesmo, se não fossem vários outros projetos de desenvolvimento e de pesquisa da Embrapa... Ultimamente, a Embrapa desenvolveu uma variedade de café, que é o BRS Ouro Preto, no Centro de Pesquisas da Embrapa em Ouro Preto do Oeste, em Rondônia. Isso está sendo um sucesso, um show. Outros Estados já estão procurando, lá em Rondônia, pegar as mudas, as sementes desse café. Saímos de uma produção de 20, 30 sacas por hectare para até 160 sacas por hectare. Ele começa a produzir com dois, três anos. Aliás, com um ano ele já começa a dar os primeiros frutos, mas começa a produzir, para valer mesmo, de três anos em diante.
R
Então, está havendo o Dia de Campo da Emater, da Secretaria de Agricultura em várias cidades de Rondônia. Eu tenho ido a alguns. É uma loucura! Todo mundo está querendo plantar esse café. Saímos de uma produção de 800 mil sacas. Quando fui Governador, chegamos a até 4 milhões de sacas. Depois foi caindo, caindo, caindo e chegou a 800 mil sacas de café. Agora já está em aproximadamente 2 milhões de sacas, e o Governador, nos próximos três anos, quer chegar novamente a 4 milhões de sacas. E deve passar, porque está havendo uma febre por causa dessa nova variedade que a Embrapa desenvolveu.
Mas estou preocupado, Sr. Presidente, porque, recentemente, um grupo da Embrapa - eu não marquei, até pelo acúmulo de agenda - procurou-me, dizendo que queria conversar comigo, com alguns Senadores, porque estava havendo um desmonte na Embrapa. Eu queria saber qual é esse desmonte. Eu não entendi. "A Embrapa está sendo desmontada, está perdendo muita gente, há falta de recursos, de investimentos." Eu não estava aqui.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Foi mencionado aqui.
O SR. VALDIR RAUPP (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Eu não estava aqui. Cheguei agora há pouco. Mas ouvi muito falar nesse desmonte da Embrapa. Eu queria ouvir o que está acontecendo, se falta investimento, se está faltando pessoal, o que está acontecendo na Embrapa.
Obrigado.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada, Senador Valdir Raupp.
Quando V. Exª respondeu ao Senador, pensava que o Senador Caiado estivesse levantado essa questão. Ele respondeu, mas poderá repetir para o senhor.
Vamos responder à pergunta da nossa internauta, Regina, sobre a questão do Corredor de Nacala.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Muito obrigado, Senadora.
Agradeço a manifestação do Senador Valdir Raupp, o depoimento sobre o trabalho da Embrapa Café, com o lançamento da variedade BRS Ouro Preto, juntamente com a nossa unidade em Rondônia.
Em relação a esse suposto desmonte, não há desmonte algum na Embrapa. Pelo contrário, desde 2009, nós contratamos 1.000 novos pesquisadores. É óbvio que a empresa, ao fazer ajustes para se adaptar à realidade, aos desafios que estão à nossa frente, muitas vezes tem que fazer ajustes nos seus processos internos; Ela tem que aprimorar os seus processos internos. Não é incomum, Senador, em uma ou outra situação, as pessoas às vezes não compreenderem bem essa fase de mudanças e de ajustes e interpretarem mal. Acharem que a empresa está passando por algum desmonte ou por alguma mudança muito drástica. Eu posso lhe assegurar que estamos dando toda a atenção tanto ao aprimoramento da infraestrutura, da capacidade da nossa empresa para ela estar sempre na fronteira do conhecimento, como tentei mostrar aqui na minha apresentação, quanto no contínuo aprimoramento dos nossos processos gerenciais, para que a Embrapa tenha uma governança adequada, um modelo de gestão adequado, um sistema de gestão de desempenho adequado, voltando ao ponto que o Senador José Medeiros colocou: métricas para avaliar a eficiência, a produtividade, o engajamento de todos com a agenda da empresa. Nós temos feito isso de maneira muito determinada. É importantíssimo que todo trabalhador da Embrapa esteja perfeitamente engajado com a agenda da empresa, porque nós temos a grande responsabilidade para com a sociedade brasileira e para com a agricultura brasileira de dar retornos para a sociedade em relação ao que recebemos.
Então, estamos trabalhando um processo bastante sofisticado de gestão de desempenho. Isso, às vezes, desagrada um ou outro, infelizmente, mas seguimos em frente muito tranquilos, Senador, de que a empresa está bem.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Isso também complementa a pergunta do Senador Elmano, que focou muito sobre a questão.
Eu queria agora que o senhor respondesse, então, à pergunta da Regina, sobre o Corredor.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Sim. Foi falado aqui sobre a nossa presença na África. A Embrapa tem uma participação muito forte neste Programa de Cooperação Sul-Sul, um programa de cooperação técnica com países africanos. Temos uma presença muito forte na África hoje e uma presença forte no projeto chamado Corredor de Nacala, que é um projeto tripartite, entre Brasil, Moçambique e o governo japonês.
R
A ideia desse projeto é adaptar às regiões do Cerrado de Moçambique, que é muito parecido com os Cerrados do Brasil central, tecnologias e conhecimentos gerados no Brasil.
Muitos percebem aí um risco potencial - o Senador Blairo mencionou - de, eventualmente, estarmos alimentando uma futura competição contra o Brasil.
Nós trabalhamos em uma outra lógica. Nós trabalhamos na lógica de que um país inserido num mundo que é aberto, em mercados que são abertos, onde o conhecimento flui, as capacidades fluem com muita celeridade, é muito melhor o Brasil ser partícipe desse processo de desenvolvimento na África, porque uma coisa inexorável eu sei que ocorrerá: uma revolução agrícola na África terá que ocorrer, e muitos países estão mobilizados para que essa revolução ocorra. Ela não vai ocorrer no curto prazo; ela vai ocorrer no médio e longo prazo. E eu acho importante que o Brasil tenha uma presença lá para nós entendermos que ambiente é aquele, criarmos novas oportunidades para as nossas empresas, para os nossos produtores, que precisam ir para a África. Empresários brasileiros já estão indo para a África. É um mercado importante para as máquinas, para os equipamentos, para as cultivares no Brasil. Se vai haver uma revolução agrícola na África, por que o Brasil não vai participar dela? E tanto melhor participaremos se nós formos conhecer que realidade é essa, com que estamos lidando, com que limitações. E tanto melhor nós, que somos os líderes em conhecimento e tecnologia para os trópicos. Nós temos condições de participar dessa revolução de uma maneira muito mais determinada.
Então, acho que é um caminho mais seguro, Senadora, o Brasil participar, envolver-se, conhecer essa realidade, aprender a lidar com essa realidade, do que nós nos retrairmos...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Do ponto de vista estratégico.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - ... e ficarmos aqui sentados, esperando que outros venham, apropriem-se da tecnologia e do conhecimento brasileiro e vão para lá ocupar o espaço que deveria ser o espaço e a liderança e o protagonismo nosso.
O SR. VALDIR RAUPP (Bloco Maioria/PMDB - RO) - Acho que o Brasil, Presidenta, tinha que ser premiado pela Organização das Nações Unidas por estar ajudando a matar a fome do povo da África. Se a Embrapa puder ajudar a desenvolver a produção de alimentos na África... Porque nós assistimos a reportagens do povo africano, e é de chorar. São de chorar as dificuldades por que aquele povo passa, de miséria e de fome.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Bem apontado, Senador Valdir Raupp. Bem lembrado.
Eu queria...
O SR. DONIZETI NOGUEIRA (Bloco Apoio Governo/PT - TO) - Só um comentário sobre isso. Fico pensando assim: nós estamos precisando produzir mais 40% de alimentos para o mundo. Então, essa preocupação da concorrência da África ou não, acho que não devemos tê-la, porque não vamos dar conta de alimentar o mundo sozinhos.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada, Senador Donizeti.
Senador Medeiros.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Senadora, só para tirar mais uma dúvida.
Eu gostaria de perguntar ao presidente se, em uma avaliação, sem levar em conta o Governo atual - não quero colocá-lo em dificuldades com o Governo -; eu queria que o senhor avaliasse pra nós se o Brasil, como um ator exportador e produtor de commodities, notadamente nessa área em que a empresa atua, e que tem sua balança comercial praticamente ancorada por essa produção, pela agricultura; eu queria que V. Sª nos dissesse se, proporcionalmente falando, a Embrapa está tendo essa importância... Deixe-me ser mais claro: se o País está dando as condições necessárias para que a Embrapa faça frente a tudo isso; se o Brasil, com essa participação econômica que o setor tem, se a empresa tem a mesma importância, é vista com a mesma importância, proporcionalmente falando, para que faça frente e continue produzindo mais, ou se não está sendo dada essa importância. E aí, eu digo, na história da Embrapa. Se nós poderíamos... O objetivo da pergunta é: se nós poderíamos estar bem mais à frente, se tivéssemos investido mais, ou se investimos menos. Essa é a minha dúvida.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada, Senador Medeiros.
Passo a palavra ao Dr. Maurício, lembrando que estamos chegando à finalização da apresentação.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Muito bem. Serei rápido, Senadora.
Levando em conta a trajetória, as circunstâncias que nós vivemos nos últimos 40 anos, eu tenho que reconhecer que o Brasil fez algo diferenciado no mundo. O Brasil, nos anos 70, fez a opção por desenvolver um modelo de agricultura baseado em ciência e investiu na ciência: investiu na criação da Embrapa, na melhoria das universidades, enviar pesquisadores para o mundo. Ao longo do tempo, nós tivemos um crescimento da nossa estrutura, nós chegamos a essa rede posta aí, uma rede, eu diria, na fronteira do conhecimento, em função do reconhecimento do Estado brasileiro e do apoio do suporte que a ciência recebeu nas últimas décadas. Se o senhor me perguntar: "Isso é suficiente?" Eu vou dizer que não. Quando a gente analisa a ciência no mundo, uma empresa como a Toyota aplica US$12 bilhões no seu programa de pesquisa e desenvolvimento por ano.
R
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Sete por cento do capital.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Se nós formos verificar os países, os nossos competidores estão aplicando cerca de 3,5% do PIB agrícola na sua ciência e nós ainda estamos aplicando cerca de 1,5% do PIB agrícola na ciência para agricultura.
Então, nós avançamos? Sim. Temos uma estrutura extraordinária? Sim. Temos muita competência? Sim. Mas, levando em conta os desafios que estão no horizonte, mudança de clima, mercados muito dinâmicos e competitivos...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - A água...
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - ... quebras de paradigmas na ciência, a água, as questões de rastreabilidade e certificação da nossa produção, defesa agropecuária - um país tão grande com uma fronteira tão grande, defesa agropecuária vai ser um grande desafio para o futuro -, mão de obra no campo mais rarefeita, vamos ter que ter mais automação, significa que nós vamos ter que investir cada vez mais em conhecimento e em ciência. Isso é inexorável, precisamos dar cada vez mais atenção para o sistema de pesquisa e inovação no Brasil.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - E, para encerrar, já que...
O SR. ELMANO FÉRRER (Bloco União e Força/PTB - PI) - Presidente...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Um momentinho só, Senador. Que o Senador pontuou do Orçamento de 2014 da Embrapa de 2,6 bilhões, esse valor foi executado? Quanto faltou eventualmente e se no ajuste fiscal o edital que a Embrapa está abrindo para iniciação científica em algumas unidades como a Embrapa Pecuária, em Bagé, para as áreas específicas de inovação, se pode haver comprometimento de implementação dessa iniciação científica.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Nós estamos diuturnamente ligados na discussão orçamentária com a Secretaria-Executiva do MAPA, com o Ministério do Planejamento. Nosso esforço, Senadora, é para que a gente consiga pelo menos executar neste ano o mesmo orçamento que executamos no ano passado, um orçamento em torno de R$2,7 bilhões. Nós estamos fazendo um esforço muito grande para sensibilizar. A nossa Ministra está muito sensível da importância da pesquisa. Aliás, devo reconhecer que nós, da Embrapa, nunca nos sentimos tão parte do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento como agora. Nós temos recebido uma atenção muito especial, um apoio muito grande da nossa Ministra Kátia Abreu, que está sensível e tem, como ninguém, a percepção e o entendimento da importância de pesquisa e inovação para a nossa agropecuária.
É difícil antecipar, Senadora, com que orçamento teremos de passar o ano de 2015. Nós estamos fazendo um esforço enorme para não haver comprometimento de atividades importantes - Senador Raupp, muito obrigado - para que não haja descontinuidade em atividades importantes. As bolsas que garantam a continuidade do trabalho dos nossos bolsistas, dos estudantes que estão conosco nos nossos programas são extremamente importantes. A última coisa, Senadora, apesar de sermos muito dependentes do Orçamento do Tesouro, a Embrapa tem, ao longo do tempo, feito crescer a sua captação. Como eu disse, nós temos acordo hoje com 160 parceiros públicos e privados. Nós estamos gerando cada vez mais ou buscando recursos de parceiros importantes, que nos dão uma certa resiliência num momento difícil como este que estamos atravessando.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Isso aí é gestão.
Senador Elmano, o senhor pediu a palavra.
O SR. ELMANO FÉRRER (Bloco União e Força/PTB - PI) - Pedi.
O maior patrimônio da Embrapa e de muitas outras instituições - da Embrapa, especificamente - são seus pesquisadores, seus cientistas, como das universidades também. Eu tenho tido uma preocupação, fruto de observações com companheiros de universidades, de instituições de pesquisa, e sei o quanto é difícil formar um cérebro, um cientista, um pesquisador. Falou-se aqui em evasão de pesquisadores, demanda de pesquisadores pelo mercado, permita que eu me expresse dessa forma.
R
Entretanto, eu vi e vejo sempre que muitos desses pesquisadores que têm um custo para a sociedade - mandar um pesquisador fazer um mestrado, um doutorado, um pós-doutorado nos Estados Unidos ou na Europa etc. - voltam, passam dois anos e, muitas vezes, deixam a instituição por força de uma aposentadoria e não por atração do mercado. Eu vi muitos cérebros deste País, na minha região, de companheiros de universidades pendurarem a chuteira, quando poderiam e queriam dar uma contribuição ao País, à região e a essas instituições.
Eu tenho essa preocupação. Eu sei o patrimônio intelectual e científico que a Embrapa e as universidades têm, mas vejo que muitos são forçados a se recolherem, a deixarem a instituição. Muitos deles especialistas em determinadas áreas não deixam um substituto. Muitos deles deixam a pesquisa em andamento, e falta aquele cérebro. E todos nós somos responsáveis por isso. E eu pergunto aqui se não há uma fórmula... E essa é uma questão nossa, minha incansável e dinâmica Presidente, Senadora Ana Amélia...
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Não muito incansável.
O SR. ELMANO FÉRRER (Bloco União e Força/PTB - PI) - A minha Senadora chega aqui às 8h da manhã e saí às 23h, trabalhando com amor e muita dedicação.
Pois bem. Muitas instituições desaparecem e perdem o seu sentido, exatamente, porque elas são feitas não pelos equipamentos, mas pelos cérebros. Eu sei o quanto é difícil, pela experiência vivida, formar um pesquisador, um mestre, um professor. Então, meus companheiros Senadores, minha Presidente, João e Maurício, eu vejo que muitos querem permanecer ou na Embrapa ou nas universidades, continuando o seu trabalho de pesquisa, e não podem, pois a legislação não permite. Então, não haveria uma fórmula...?
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Qual é a proposta que...?
O SR. ELMANO FÉRRER (Bloco União e Força/PTB - PI) - A proposta seria nós estudarmos uma fórmula no sentido de que... Eu vejo o Eliseu Roberto de Andrade Alves, que é a expressão maior da Embrapa. Parece-me que ele se aposentou há 20 anos ou 15 anos, mas continua lá com seus oitenta e tantos anos, sendo uma referência e consultado por todos. Então, isso é uma preocupação que nós temos. Creio que isso é importante para a permanência das instituições. Eu falei aqui anteriormente de instituições que morrem por outros motivos, mas elas podem morrer por falta de cérebro. Há uma preocupação na Embrapa em formar os substitutos, ou seja, preparar aquelas equipes, aquele pessoal, para que haja solução de continuidade em determinados trabalhos científicos? Essa é uma preocupação.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Obrigada, Senador Elmano.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Srª Presidente, só para complementar a pergunta que a senhora fez: a execução do orçamento está sendo total?
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Respondendo, primeiro, ao Senador Elmano Férrer.
Senador, gestão de pessoas e, mais que isso, gestão de competências é um dos processos para os quais damos mais atenção. Isso é o centro, é o pilar principal de uma instituição de pesquisa e conhecimento como a nossa. São as pessoas. A Embrapa tem plano de carreira. Nós estamos, neste momento, aprimorando nosso plano de carreira, até mesmo para adaptarmos à realidade da empresa a realidade do ambiente de inovação tecnológica. Nós temos mecanismos de estímulo e de premiação daqueles que têm uma participação destacada na vida da empresa. Como eu mencionei, o sistema de gestão de desempenho é muito importante para nós. Nós estamos implementando um sistema de gestão de desempenho que reconheça o mérito e a dedicação das pessoas. Então, o senhor fique absolutamente certo de que essa é uma preocupação nossa. Existe a possibilidade de os profissionais permanecerem na empresa depois da sua aposentadoria. O senhor citou o caso do Dr. Eliseu Alves, criador da Embrapa, que está lá conosco dando grandes contribuições para a empresa. Nós entendemos que as pessoas, muitas vezes, estão maduras e prontas depois que passam dos 50 anos para um trabalho como este. E temos de criar no plano de carreira estímulos e meios de reter as melhores competências, os melhores talentos, os seniores. É muito importante para a empresa. Nós damos uma atenção muito grande para isso.
R
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - O senhor me respondeu sobre a questão do orçamento dos 2,6 bilhões do que foi executado. Foi isso que foi perguntado. Eu perguntei se tinha sido executado todo. O Presidente respondeu que "sim" e que, além do orçamento, a Embrapa conta também com uma fonte de receitas própria das suas atividades na venda de produtos.
O SR. MAURÍCIO ANTÔNIO LOPES - Exato.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - E a tentativa agora...
Na Comissão, Senador, só para esclarecer: reforçaremos a necessidade de manutenção do orçamento da Embrapa porque ele é mínimo, ele é pequeno para o tamanho dessa gigante.
Para encerrar, eu quero fazer um agradecimento especial ao Dr. João Flávio Veloso Silva, que veio aqui a convite para falar de um projeto também fundamental, que é na área da agrosilvopastoril, que é consorciar a lavoura, a silvicultura e a pecuária, mas, especialmente, ao Dr. Maurício Lopes, Presidente da Embrapa, que veio aqui.
Nós temos que respeitar o Regimento. O Regimento, nesta audiência, foi respeitado. Há um requerimento dos dois Senadores - então, a finalidade foi essa -, mas, aproveitando a presença do Presidente, de forma, como penso, democrática de agir, caros colegas Senadores, informo que a Comissão recebeu um ofício encaminhado pelo Sindicato Nacional dos Procuradores e Advogados das Empresas Estatais (Sinape), solicitando uma audiência pública com a presença do Presidente para prestar esclarecimentos quanto a procedimentos administrativos considerados inadequados do chefe da assessoria jurídica do órgão. Acolhemos e fizemos o pedido de uma nota técnica à Consultoria Legislativa do Senado, que deu, do ponto de vista legal, quais são as atribuições: a escolha do comando da Embrapa como empresa pública é exclusiva do Poder Executivo. Também cabe ao Poder Executivo toda a análise da avaliação e do julgamento. Não é de interesse da população, mesmo que esses fatos reclamados pela categoria sejam públicos, e isso foi encaminhado aos órgãos competentes, ao Ministério da Agricultura, à Casa Civil. O que esta Comissão se dispõe a fazer a esse sindicato, se assim o entender, é agir politicamente. E a Comissão, em um grupo de dois ou três Senadores que assim o desejarem, pode ir, junto com o Sindicato à Presidência da Empresa, e marcaremos oportunamente, para tratar do assunto. Penso que esse seja um assunto corporativo dos servidores da Embrapa, dos sindicalizados, com uma demanda que é interna, do ponto de vista do funcionamento. Então, a Comissão se dispõe a isso. E quero que se oficie o Sindicato, com a nota técnica da área legislativa do Senado. A disposição da Comissão é exatamente essa. Eu penso que, dessa forma, nós não só cumprimos o Regimento, mas atendemos politicamente uma demanda que é justa. Podemos não concordar com ela, mas esse é o encaminhamento que penso seja adequado numa questão dessa natureza. Então, é o nosso posicionamento.
Consulto os Senadores se têm uma posição diferente dessa a respeito desse tema. (Pausa.)
Concordando, então, eu agradeço muito aos Senadores.
Quero lhe dizer também, Presidente, que o quórum desta Comissão tem sido extraordinário, dez Senadores, quórum superior à necessidade para a votação de matéria terminativa, o que dá também a expressão da relevância que a própria Embrapa tem no conceito dos Senadores que integram a Comissão de Agricultura e Reforma Agrária do Senado Federal, que tenho a honra de presidir.
Renovo também o convite a todos, na próxima sexta-feira, dia 29. Antes, nós teremos uma reunião de audiência pública com o Ministro do Desenvolvimento Agrário, Patrus Ananias, que estará aqui, na Comissão. Eu integro uma missão oficial liderada pela Ministra Kátia Abreu, Senadora Kátia Abreu, uma delegação que vai acompanhar a Assembleia-Geral da OIE (Organização Internacional de Epizootias), que se realiza em Paris, em que se vão discutir questões sanitárias - aqui muito bem abordadas pelo Dr. Maurício - e também a questão de que o Brasil venceu, já erradicou a peste suína no rebanho brasileiro, o que é um ganho, um avanço sanitário, considerando que, nessa semana mesmo, a China fez acordos ampliando o número de compra de carne bovina, suína e de frangos. Então, isso é uma questão crucial e prioritária. Como estarei lá, eu vou pedir ao nosso Vice-Presidente, o Senador Acir Gurgacz, que presida a audiência com o Ministro Patrus Ananias, mas, no dia 29, eu vou sair direto da Europa para Tocantins. Informe ao Senador Donizeti que estarei saindo direto da Europa para Palmas, para presidir a audiência sobre aquicultura e pesca e também sobre a questão relacionada à produção ABC, Agricultura de Baixo Carbono, que é o termo agora usual.
R
Então, eu agradeço muito, Senador, todos os Senadores que vieram aqui. Faço questão de fazer referência a todos eles: Senador Wellington Fagundes e Blairo Maggi, autores do requerimento, Senador Waldemir Moka, Senador Donizeti Nogueira, Senador Ronaldo Caiado, Senador José Medeiros, Senador Lasier Martins, Senador Elmano Férrer, Senador Valdir Raupp e a Presidente que está aqui.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Srª Presidente, só para informar que, dentro daquele entendimento e do objetivo desta Comissão de priorizar a extensão, encaminhei requerimento solicitando também uma reunião do ciclo de debate no Estado de Mato Grosso, para a qual já está, desde estão, convidado o Sr. João.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Pois não.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Vai chegar para V. Exª esse requerimento.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Na próxima reunião deliberativa, Senador José Medeiros, apreciaremos o requerimento e providenciaremos o agendamento o mais breve possível.
O SR. JOSÉ MEDEIROS (Bloco Socialismo e Democracia/PPS - MT) - Muito obrigado.
A SRª PRESIDENTE (Ana Amélia. Bloco Apoio Governo/PP - RS) - Parabéns também pela iniciativa, mostrando que a extensão rural é o braço necessário para o pipeline, mais ou menos o pipeline, para levar o que a Embrapa desenvolve, descobre, porque é um descobrimento isso, é um descobrimento a pesquisa feita, até o campo, e, nesse ponto, estará completo o ciclo.
Mais uma vez, Dr. Maurício, em nome da Comissão de Agricultura e Reforma Agrária, muito obrigada pela sua presença aqui. Dr. João Flávio, também muito obrigada. E agradeço aos Senadores, aos nossos telespectadores e aos que participaram, aos diretores da Embrapa que deram o prestígio das suas presenças aqui. Agradecemos muito a presença de todos que vieram acompanhando: Drª Vania Beatriz Castiglioni, o Dr. Ladislau Martin Neto e o Dr. Waldyr Stumpf Junior.
Muito obrigada. Está encerrada a presente reunião.
(Iniciada às 08 horas e 02 minutos, a reunião é encerrada às 10 horas e 52 minutos.)